Hoje, quando ao virar na esquina que dá para o quiosque, onde me dirigia para comprar o jornal, reparei que, a Maria Luísa, rapariga criada aqui no bairro, estava à conversa com a vizinha do cão num tom acima do habitual, o que estranhei.
Á medida que me fui aproximando de ambas, apercebi-me que a conversa era à volta das manifestações de ontem em Lisboa e no Porto e a respectiva cobertura que os jornais portugueses lhe tinham dado.
Maria Luísa (ML) estava de facto irritada porque para ela, tinha sido a primeira vez que tinha participado numa tão grande manifestação-palavras suas- e achava escandaloso que os meios de comunicação não lhe tenham dado o devido relevo como ela achava que era justo . Ao seu lado a vizinha do cão, mulher de um ex trabalhador da Lisnave, tentava explicar-lhe que a vida é feita de opções; e as opções dos trabalhadores não são as mesmas das dos patrões sendo que, são estes que estão a mandar nos jornais, televisões e na maioria das rádios!.
Entretanto, chegou a minha vez de ser atendido no quiosque, coloquei a moeda de um euro na mão do Sr. António, ele deu-me o jornal desejando-me ( como sempre o faz ), um bom dia e lá fui para o café em frente na procura de encontrar no meu jornal as reportagens das manifestações que a (ML) não viu referidas nas capas dos jornais e, as quais tinham tido uma participação de 50 mil pessoas em Lisboa e 20 mil no Porto segundo ouvi ontem, numa rádio local.