segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Retrocesso

Por Vasco Cardoso, no jornal «Avante!»

Se os recentes e trágicos acontecimentos relacionados com a morte de um paciente por falta de assistência aos casos relacionados com acidentes vasculares cerebrais nos hospitais da zona de Lisboa nos dão conta do quão longe foi o processo de destruição do SNS, eles convocam-nos também para uma verificação mais larga da dimensão do profundo retrocesso para onde o nosso país foi conduzido nestes anos. Bem podem ser gastas horas de noticiários a dissecar pormenores sobre este caso, como se de algo isolado se tratasse, que a dimensão destes acontecimentos não conseguirá apagar o gesto criminoso das medidas sucessivamente tomadas.
Em quase tudo aquilo que diz respeito à vida da esmagadora maioria da população, o País andou para trás! E não podia ter sido de outra maneira, tendo em conta a receita que foi aplicada ao longo de décadas de política de direita. Uma receita cuja dose foi reforçada nos últimos anos durante o período dos PEC e do Pacto de Agressão e que levou a que, em nome do défice, da estabilidade do sistema financeiro, dos compromissos internacionais e de um sem número de outras coisas impingidas como dogmas, se tivesse ido tão longe no roubo de direitos, rendimentos e da própria dignidade do ser humano.

No seguimento das eleições de 4 Outubro e na continuidade das lutas travadas nos últimos anos, o povo português deu um passo, modesto, mas importante, para interromper este rumo. Mas tal como temos sublinhado, por si só, nem o Governo PS, nem o seu programa, asseguram a recuperação de direitos e muito menos a inversão do actual rumo. Apesar de algumas medidas positivas já aprovadas e de outras – cujos compromissos assumidos esperamos que sejam concretizados – situações como aquela que se verificou recentemente com o BANIF tornam evidente que, sem a ruptura com a política de direita, sem a derrota do poder dos monopólios, as expectativas que o povo português detém, serão defraudadas. Para os trabalhadores, para o povo português, o ano que agora se inicia transporta consigo exigências que, no plano da luta de massas, não são menores. Em 2016, a luta pela defesa, reposição e conquista de novos direitos, reivindicando junto do Governo e da Assembleia da República uma política alternativa, será uma exigência à qual os trabalhadores e o povo português não podem nem vão faltar

3 comentários:

  1. ... e o comentador começa a ficar frouxo e sem memória

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  2. En España ya han muerto varios bebés por no tener la vacuna de la tosferina. Es lo que tiene la derecha, que prima los objetivos económicos por encima de los derechos humanos y para ellos somos cifras y porcentajes. Hasta que no mueren un tanto por ciento de personas no empiezan a poner remedio y aun así por la presión de la gente.
    Un saludo.

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