A coisa chama-se Reunião de Coordenação dos Assuntos Económicos e do Investimento e consiste num mini «conselho de ministros» gerado no interior do outro – o que constitucionalmente governa o País.
Este mini-conselho-de-ministros é presidido por Paulo Portas (pois claro), que tem dois ministros ao seu dispor – o da Presidência e dos Assuntos Parlamentares (Marques Guedes, o multi-usos do PSD) e o da Economia (o recém-empossado António Pires de Lima, empresário cervejeiro amigo de Portas) –, além de mais 14 secretários de Estado sortidos e loteados no governamental alfobre.
Olhando-se as personagens envolvidas, a inopinada invenção até nem espanta.
O protagonismo psicopata que parece afligir Paulo Portas já o levara a desencadear umas operações bizarras, mal Passos Coelho lhe entregou a vice-presidência do conselho de ministros: nessa mesma noite, à sorrelfa, andou a coscuvilhar os palácios e monumentos públicos para escolher um que se lhe afigurasse com dignidade para a sua vice-presidência (assim uma espécie de «segundo palácio de S. Bento») e, no dia seguinte, desencadeou uma operação de marcenaria na sala do conselho de ministros que lhe instalasse uma secretária adequada à sua vice-imponência.
Nessa altura saiu-lhe furado, quando o Presidente Cavaco decidiu pôr em cena o entremez da «salvação nacional», mas em breve o Alto Magistrado voltaria atrás com tudo e aceitaria o mesmo arranjo «Pedro e Paulo» que recusara 10 dias antes, pelo que Portas enfunou de novo a todo o pano.
E ele aí está. Se ainda não escolheu um Palácio de S. Bento à sua medida, pelo menos já conseguiu um conselho de ministros só para ele.
Salazar patrocinou o «Portugal dos Pequeninos», construído em Coimbra pelo seu indefectível sectário Bissaya Barreto. Portas arranjou, ele próprio, um «Conselho dos Pequeninos» para brincar ao Presidente do Conselho no quintal do Governo. E brincar ao Presidente do Conselho não é de somenos: era esta a fórmula que identificava Salazar (em geral precedida de «Reverendíssimo»), o que o azougado Paulinho decerto não ignora e, se calhar... até reverencia.
É claro que o futuro deste «Conselho dos Pequeninos» – além de um roda-pé na tautologia da imbecilidade governamental – será o mesmo da defunta «comissão conjunta PSD/CDS» criada para reunir quinzenalmente com o objectivo de «limar arestas» na coligação. Só limou uma vez, e foi-se.
Entretanto, os escândalos florescem, aqui revelando que Rui Machete também vendeu 25500 acções ao BPN com um lucro de 150% (na mesma proporção e época em que Cavaco Silva também o fez e ambos servindo-se de Oliveira e Costa), ali denunciando o secretário de Estado, Joaquim Pais Jorge, colocado no Tesouro pela actual ministra, Maria Luis Albuquerque, por ter proposto a venda de swaps do Citigroupao primeiro-ministro José Sócrates.
Bem vistas as coisas, é todo o Executivo Pedro e Paulo que constitui um «Governo dos Pequeninos».
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