segunda-feira, 6 de abril de 2015

O Futuro

Por João Frazão, no jornal «Avante!»
Talvez imbuído daquela consigna de má memória de que uma mentira mil vezes repetida se tornaria verdade, o Governo desdobra-se na tentativa de dar do país a imagem da Fénix que, depois de quase desaparecer nas cinzas, renasce ainda mais bela que antes, mostrando que o sacrifício valeu a pena, perante o brilho da ave renascida.
Não passa um dia sem que algum governante de serviço inclua no seu discurso essa teoria, e agora até a Caixa Geral de Depósitos entrou na contenda, com anúncios publicitários nas rádios e nas televisões.
Na campanha publicitária, um personagem, o «Passado», pede a outro personagem, o «Futuro», para regressar ao nosso país, porque o pior já teria passado.
Intitula-se esta campanha, «O futuro está de volta».
Ora nós começámos a pensar sobre o que é que o Futuro vem encontrar nesta sua reentrada triunfal no nosso País. O que o Futuro encontra são os cerca de um milhão e duzentos mil desempregados, sem quaisquer expectativas de futuro e os mais de 300mil jovens que tiveram que emigrar.

E os trabalhadores, os reformados e pensionistas com menos rendimentos e com uma carga de impostos insuportável, e as populações com menos apoios sociais e com milhares de pessoas que sobrevivem à custa da caridade.
E encontrará os serviços públicos e as funções sociais do Estado, na Saúde, na Educação, na Segurança Social, mais degradados.
O Futuro, se não andar muito distraído, dará de caras com um país mais pobre e mais endividado. Com um país mergulhado no lodaçal dos escândalos do BES, do BPN, do BPP, da Tecnoforma, do Primeiro Ministro que não sabia que tinha de pagar à Segurança Social, da corrupção e do compadrio.
E se quiser olhar para o próximo futuro verá que após vender os anéis, o Governo está já a vender os dedos, com a TAP, o Metro, a Carris, a CP Carga e a EMEF na fila das empresas a privatizar, num país com a sua soberania limitada e sem capacidade de decisão autónoma sobre o que é melhor para o seu desenvolvimento e o seu progresso!
A Caixa Geral de Depósitos mandou fazer esta campanha de publicidade, que é paga com o dinheiro de todos nós.
Não deve ter sido o Governo que encomendou esta patranha! Se não teve nada a ver com a lista VIP de Contribuintes, com o BES, com o buraco do CITIUS na Justiça, ou com a trapalhada que foi a colocação de professores, o mais certo é não fazer ideia do que se passou aqui.
O que temos a certeza é que é urgente correr com este Governo para garantirmos um Portugal com Futuro!

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