A notícia chegou de manhã cedo. Tinha acabado de morrer «um dos nossos», um gigante da História que simultaneamente sempre sentimos tão próximo, tão «nosso». Partia um dos maiores revolucionários da História do Século XX cuja luta e vida inspirou e continuará a inspirar sucessivas gerações de lutadores pela liberdade, a justiça, o progresso, a paz e o socialismo.
Partiu o camarada Fidel, líder histórico da revolução cubana, notável estadista, um combatente de armas e das ideias, um comunista que aliava à coragem, determinação e firmeza das ideias e da acção revolucionária, um arrebatador humanismo, uma extrema sensibilidade, uma criatividade sem fronteiras, que não as dos princípios e da justiça, e um amor ao seu povo e à sua pátria cujo limite foi, sempre, a sua própria vida.
Partiu numa data muito especial. 60 anos antes, em 25 de Novembro de 1956, Fidel embarcava juntamente com outros 82 revolucionários do Movimento 26 de Julho1 – entre os quais Che Guevara, Raúl Castro e Camilo Cienfuegos – no Iate Granma, rumo a Cuba. Partiam do México, onde se tinham exilado na sequência da violenta repressão que se seguiu ao ataque ao Quartel de Moncada, para uma semana depois desembarcarem em Cuba e darem início à heróica luta armada a partir da Sierra Maestra que conduziria, em 31 de Dezembro de 1958, à tomada de Havana, à Revolução e à libertação do povo cubano de uma das mais ferozes e corruptas ditaduras da América Latina e da submissão aos EUA.
O percurso de Fidel confunde-se com a História da construção da pátria cubana livre e independente. Dando seguimento aos ideais libertadores de Martí que tanto o inspiraram, Fidel e muitos outros revolucionários construíram aquela que foi e é a sua maior obra: a Revolução e a pátria cubana independente, com um povo soberano, ciente do seu papel histórico na transformação revolucionária da sociedade.
Em pouco mais de meio século o povo cubano, a sua Revolução socialista, o Partido Comunista e Fidel transformaram uma ilha decadente, gigante casino e bordel ao serviço das elites corruptas dos EUA, num símbolo mundial de resistência, de esperança e de dignidade. Um País construído pelo seu povo de acordo com a sua vontade colectiva.
O analfabetismo, a pobreza e o subdesenvolvimento deram lugar a um País que, apesar de não isento de problemas e sujeito a um criminoso bloqueio tão antigo quanto a revolução socialista, é hoje o 44.º país do Mundo com maior índice de desenvolvimento humano, onde não existe analfabetismo nem trabalho infantil, onde a mortalidade infantil e o desemprego são residuais, com sistemas de educação e saúde dos mais desenvolvidos e eficientes do Mundo.
Cuba inspirou e inspira revolucionários de todo o Mundo a prosseguir com confiança a luta pelo socialismo, ensinando-nos simultaneamente que não existem modelos de Revolução, e que os maiores críticos dos processos revolucionários são os próprios revolucionários que as protagonizam, como foi Fidel.
Fidel partiu, mas a sua obra, a sua incansável e apaixonada luta, permanece na realidade do povo cubano e no legado que deixa a toda Humanidade. Nestes dias o Mundo da liberdade, da justiça, do progresso e da paz curva-se com respeito, admiração e confiança perante o percurso do homem que se tornou um ícone por força dos ideais e projecto por que lutou até ao fim da sua vida. O resto, é insolência e ódio que não cabe nestas linhas.
Ao povo e aos camaradas cubanos, um abraço solidário! Viva Fidel, Viva Cuba Socialista. Hasta SiempreComandante! Venceremos!
________
1 O movimento revolucionário clandestino que protagonizou o ataque ao Quartel de Moncada em 26 de Julho de 1953 contra a ditadura de Fulgêncio Batista e que se dissolveria em 1961 no quadro do processo político que viria a conduzir à criação do Partido Comunista de Cuba em 1965.
Sem comentários:
Enviar um comentário