Passos
Coelho proferiu finalmente a frase que o imortalizará. Foi na
segunda-feira, 13, após a maratona europeia de domingo que terminou com a
transformação da Grécia numa colónia condenada à escravatura do século
XXI para servir os interesses do grande capital financeiro e do
directório de potências da União Europeia. «Por acaso a ideia foi
minha», disse todo ufano, com isso querendo significar que lhe cabiam os
louros da «solução» encontrada para manter a Grécia no euro. A coisa
correu mais célere do que fogo em palheiro: palavras não eram ditas e já
as redes sociais transbordavam de adaptações do dito, numa muita
expressiva demonstração de que os portugueses não só não perderam o seu
sentido de humor – negro que seja – como sabem bem a quem cabem as
responsabilidades pelo estado a que o nosso País chegou.
O
curioso desta história é o facto de Passos Coelho estar tão sôfrego de
apresentar «sucessos» que nem se dá conta de que corre o risco de andar a
apanhar lenha para se queimar. De outra forma, como explicar a pressa
com que o primeiro-ministro veio gabar-se de ter contribuído para uma
situação que todos, sem excepção, reconhecem ser uma brutalidade contra o
povo grego? A não ser que esteja tão convencido – e não seria caso
único – de que os portugueses são não só néscios como padecem de memória
curta. É bem provável que seja este o caso, a avaliar pela entrevista
que anteontem deu à SIC onde, entre outras pérolas, afirmou candidamente
que só não cumpriu as promessas feitas na campanha eleitoral porque as
contas do anterior governo estavam mal feitas. Passos Coelho
«esqueceu-se» de um pormenor: no Outono de 2010, uma delegação do PSD,
liderada por Eduardo Catroga, negociou com o governo de Sócrates a
viabilização do Orçamento de Estado para 2011. Por acaso a ideia foi
dele... E também se «esqueceu» das vezes em que, já governante, repetiu
desejar «ir além da troika» e defendeu a ideia da necessidade de
empobrecer. Outra que por acaso também foi dele.
Em
português vernáculo muito haveria a dizer sobre as ideias de Coelho.
Fiquemo-nos pelo elementar: com ideias destas, bem pode limpar as mãos à
parede.
Sem comentários:
Enviar um comentário