Há dias, Maria Luís Albuquerque tremelicava êxtases a anunciar que as «previsões do Governo» para o OE de 2017 «iam falhar», argumentando com nuns quadros que o PSD «tinha exigido», que só apareceriam «perto da meia-noite» e permitiriam à feliz deputada «prever» que as previsões governamentais iam falhar («prever previsões» só mesmo esta gente).
A originalidade desta geringonça fornecida por Maria Luís está no simbolismo: traduz o único projecto que move o PSD e o CDS – o de procurarem minar, a todo o custo, qualquer actividade governativa, sem preocupações pelas consequências para o povo e o País.
A novela em que se tornou a questão da Caixa Geral de Depósitos é disto uma evidência.
Em rigor, o PSD concorda com o Governo PS no pagamento milionário ao presidente da CGD, como uma longa prática governativa o atesta, com relevo para o executivo de Passos Coelho. O que o PSD de Passos pretende é desestabilizar o mais possível a situação da Caixa, impedindo a sua recapitalização e, se possível, a sua própria existência como banco público. Por trás da agremiação laranja pululam, como sempre, vastos e clandestinos interesses, onde a privatização do banco público tem lugar de destaque (aliás, em tempos aflorada por Passos Coelho).
PSD e CDS aproveitam qualquer incidente para desencadearem campanhas difamatórias, sem pudor nem escrúpulos e visando, sempre, o único objectivo que perseguem: o de criar obstáculos e problemas ao Governo.
O caso das demissões de dois assessores, apanhados a ostentar indevidamente licenciaturas que não possuíam, ilustra também esta sanha, com ambos os partidos de direita a rasgar as vestes de virgens ofendidas e ignorando o «escândalo Relvas» do seu rosário governativo, esse sim, um verdadeiro escândalo a arrastar-se durante meses e meses e a ficar na memória do País como o paradigma da desvergonha e do descaramento, bastando citar o «caso Relvas» para toda a gente saber do escândalo que ele representa.
E o argumentário que usam? Aí, a bambochata toma o freio nos dentes e galopa num desatino. Ora apontam o dedo aos aumentos modestos dados aos reformados, ora acusam de nada ter sido aumentado para, finalmente, considerarem os cortes nas pensões (que eles fizeram) mais agravados do que estavam. Uns dias (ou no mesmo discurso) acham que «o PS está refém dos aliados», enquanto o PCP é acusado de «estar a ceder» nos seus princípios, ora criticam a actual política governativa de estar a «levar Portugal para o desastre», ora acusam o «governo das esquerdas» de não estar a «cumprir o prometido».
O discurso é errático e sem preocupações de sustentação e a sanha em dizer mal é tão obsessiva, que denuncia um facto de relevo, na direita portuguesa: nela, o desnorte é flagrante.
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