quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Uma provocação reles

Por Carlos Gonçalves, no Jornal Avante!


Em 1 de Outubro – quase 200 mil, em Lisboa e Porto –, demos um grande passo na luta contra o programa de agressão e submissão, pela rejeição deste crime de destruição da economia e regressão social, deste execrável pacto de saque ao povo e ao País, de ignomínia e traição nacional, pela ruptura com este percurso para o desastre. Foi a força da determinação, uma primeira jornada desta nova etapa do combate de massas, dura e difícil, que vai percorrer novas contradições e sectores sociais e travar grandes batalhas, mas que acabará por superar este retrocesso histórico e abrir um novo rumo para o País.

Confrontado com a luta de massas, sabendo que acabou o «estado de graça» e que o contrabando ideológico, as «inevitabilidades» e a pregação do conformismo pelos media da «guerra psicológica» entra agora em perda, face à realidade objectiva e à «força material» das ideias, que a luta vai potenciar, o Governo e o seu comando repressivo e um tal Major General Carlos Chaves – a não esquecer –, deu todo o peso, nos media de serviço, à provocação, já ensaiada por Passos Coelho, de que vêm aí grandes «tumultos», «os maiores desde o PREC» e que a PSP e o SIS estão já a tratar do assunto.

A notícia é pífia, mas visa a provocação aos trabalhadores, aos comunistas e outros democratas; visa pintar o quadro em que agentes provocadores criem o incidente para a repressão; visa a «lavagem ao cérebro» aos agentes das Forças de Segurança; visa a intimidação e o medo para desmobilizar a luta.

É apenas o que é – uma provocação. Como a que fez o PS em Maio de 2010, com os empurrões entre «anarcas» e PSP encenados para a televisão, como fez o PSD/CDS com a «insurreição dos pregos» na primeira Greve Geral de 1982, era Ângelo Correia MAI e Balsemão primeiro-ministro, ou com a operação que nesse ano assassinou dois operários no 1.º de Maio no Porto, como fez Cavaco e o MAI Dias Loureiro em 1994, com a provocação do SIS e a repressão anunciada da luta contra as portagens na ponte 25 de Abril, ou como já fazia o fascismo, com a infiltração e provocação da PIDE nas greves e manifestações que corajosamente o afrontavam.

É uma provocação reles. E que como tal não deve ser ignorada, mas sim respondida na luta de massas pela rejeição do programa de agressão, da forma que mais dói aos mandantes e provocadores de serviço.

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