quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Chamar assassino a quem me apetecer...

EDITORIAL
Chamar assassino a quem me apetecer...
14 01 2010 08.40H
Isabel Stilwell
editorial@destak.pt
O pai de Maddeleine McCann lembrou ontem que não é o casal que está em julgamento, mas sim um livro. De facto, o que se vai decidir na 7.ª vara do Tribunal Cível de Lisboa não é se os pais mataram a filha, se esconderam, ou não, o seu corpo, mas apenas se uma tese que acusa alguém de homicida pode ser publicada, ou melhor dito, se eu, ou o leitor, podemos escrever que o senhor X assassinou o senhor Y, sem que um tribunal tenha chegado antes a essa conclusão. O que se discute é o direito à liberdade de expressão versus o direito à honra e ao bom nome.
O esclarecimento de Gerry McCann parece-me pertinente, já que ao ler alguns títulos de jornais, ficava-se com a ideia de que era o casal que se apresentava perante um juiz para que este decretasse se estavam ou não envolvidos na morte da sua filha. «Pais ocultam a morte de Maddie», era o título de um diário, «Polícias confirmam que Maddie está morta», escrevia outro, e era mais ou menos esse o teor de algumas reportagens de rádio e de televisão.
Conscientemente, ou por inconsciência, há quem goste de tornar aquilo que é, naquilo que gostavam que fosse. O casal McCann foi ilibado da acusação de ter assassinado a filha. A investigação não conseguiu sequer provar que Maddie morreu, mas apenas que não foram capazes de a encontrar. A somar a isto, o processo foi arquivado por um tribunal português. Agora se o polícia ou a sua equipa consideram que não foi feita justiça têm a obrigação moral de encontrar provas que convençam o tribunal. Aí, sim, podem reabrir o processo e ver condenados quem acreditam culpados.
Uma coisa completamente diferente, e que nada justifica, é que quando contrariados pela Justiça, saiam pelas livrarias afora a acusar seja quem for de um crime, e logo do homicídio da própria filha! Pela minha parte, tenho medo de um país em que tal coisa seja possível.


Esta é uma opinião de um pequeno jornal nacional em que os argumentos me parecem razoáveis. Contudo, vão ao arrepio da generalidade dos meios de informação deste País que desde o inicio deste processo, têm contado a história à sua maneira.

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