quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Caladinhos

 Por Margarida Botelho, no Jornal Avante.

Na missa em que celebrou o 50.º aniversário da sua ordenação, o cardeal-patriarca de Lisboa criticou os «grupos de classe» (leia-se: os sindicatos) que protestam contra as medidas da troika.

«Está a fazer-me muita confusão ver, neste anúncio das medidas difíceis que até nos foram impostas por quem nos emprestou dinheiro, que os grupos estejam a fazer reivindicações grupais, de classe, não gosto», afirmou o bispo na homilia. Mais: a Igreja é, segundo ele, a «organização da sociedade civil mais significativa, com mais estruturas e mais capacidade de resposta» num momento em que «a caridade é o grande desafio».

Já tínhamos ouvido D. José Policarpo, também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, apelar a que as medidas da troika se cumprissem o mais rapidamente possível e em clima de consenso. Também já sabemos que a Igreja e as instituições de solidariedade social que influencia são um dos destinatários privilegiados do Governo para receber as largas parcelas de serviços públicos que as troikas mandam destruir. E até o ouvimos considerar que o corte no subsídio de Natal «é uma medida equilibrada».

O que ainda assim surpreende é a total ausência, em tantos meses, de uma palavra do responsável máximo da Igreja portuguesa para denunciar as injustiças sociais gritantes, o agravamento do fosso entre ricos e pobres, o escândalo do favorecimento dos grandes grupos económicos e financeiros, o agravamento das condições de vida da generalidade dos portugueses, o alastramento da pobreza.

É a indignação, o protesto, a unidade e a luta organizada que as troikas e os seus senhores temem. Por isso dedicam tantos esforços a negá-la e escondê-la: porque revela «egoísmo», não vale a pena, é ingratidão com quem nos «empresta» o dinheiro e já está tudo decidido no estrangeiro; porque a culpa é de todos, todos temos de contribuir e não podemos dar má imagem ao País. Pérolas que todos os dias comentadores, patrões, governantes – e agora até o cardeal – nos repetem.

E se provas faltassem de que só com luta se pode inverter este caminho que nos querem impor, tanto empenho de quem nos rouba em impor a resignação e o silêncio é clarificador.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

"Aviso à navegação"


Atenção! A sacanice anda por aí. O blogue: "o tempo das cerejas",  do camarada Vítor Dias, foi vítima de um acto de sacanice pura. Alguém se apoderou do mail do Vítor Dias e  apagou o blog, privando assim o próprio e todos os outros à consulta de vários anos de registos importantes da nossa História colectiva que tão necessários eram na identificação e compreensão dos momentos que estamos a viver.

No abraço solidário a Vítor Dias, aqui fica o endereço do seu novo blog: tempo das cerejas 2, com os desejos de muitos anos de vida para ambos.

Adenda: Hoje, dia 31-08-2011 às 8,30 o blogue "o tempo das cerejas", voltou a estar on-line. Não seu se o Vítor Dias o conseguiu recuperar ou se a pirataria continua a brincar.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

" Boys e mais boys"

... Dois meses depois de ter tomado posse, o Governo já nomeou quase 500 funcionários para o Executivo, com o gabinete do ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares a liderar a lista, com 65 elementos.  «Público»


Para quem afirmava em campanha eleitoral que, ”uma vez no Governo”, iria acabar com aquilo que era uma chaga social, ou seja: Nomeação atrás de nomeação nos gabinetes governamentais; está de facto também aqui, a passar uma mensagem clara do conceito que a direita tem no que diz respeito às promessas eleitorais.

Infelizmente continuamos no mais-do-mesmo e, só sai desiludido quem acredita que é possível criar uma sociedade mais justa com governantes de direita quando os mesmos apenas pensam e atuam no sentido de tudo dar aos ricos ,  desprezando os pobres que apenas terão direito à esmola quando os senhores/as (ricos!), tiverem  vontade de se mostrar generosos. Esses (possíveis!...), desiludidos, ou não conhecem a História da Luta de Classes, ou fazem dela uma leitura pessoal com interesses próprios como no papel de cacique do capital.

Esta é uma questão que terá que ser resolvida (como todas as injustiças sociais), através da luta dos marginalizados e desprotegidos socialmente contra o sistema capitalista que os governa e os encaminha no sentido da ruina e da pobreza.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sporting 2-1 Nordsjaelland


Calejado no meu sofrimento sportinguista, ontem lá estive mais 77 minutos naquela terrível  espera que o golo surgisse depois de tantas oportunidades criadas frente à baliza adversária e não concretizadas.

Felizmente o Sporting ganhou por 2-1 (golos de André Santos e Evaldo pelo Sporting e, Andreas Laudrup pelo Nordsjaelland),  lá vamos em frente para a fase de grupos da Liga Europa.

O Sporting, continua com grandes problemas na finalização, será  necessário (digo eu!), treinar mais e melhor as rotinas frente à baliza adversária.
Nos restantes sectores, a equipa apresenta já um fio de jogo de alguma forma consistente e capaz de transportar a bola com  segurança, demonstrando que existe por ali algum entrosamento, nitidamente em subida.

O melhor jogador ontem em capo para mim, foi o Diego Capel, foi o jogador que acreditou e transmitiu para os seus companheiros e para as bancadas (com a sua entrega, força e irreverência), que era possível ganhar aquele jogo e seguir em frente na competição. Foram dos seus pés que saíram os cruzamentos para os dois golos.

Domingo, vamos ter mais competição, espero que com melhor finalização, menos nervosismo e com um bom resultado.


Nota: Ponta Esquerda vai fazer uma pausa, voltará no próximo dia 29, 2ª Feira. Até lá, um bom fim-de-semana para todos.


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Capas de jornais (26)


Apesar de o meu coração-futebolista bater do outro lado da segunda circular, gostei de ver ontem o Benfica jogar e vencer o Twente por 3-1.

Foi uma partida que o Benfica disputou com grande eficácia nas transições (arma forte deste Benfica), pouca eficiência nos remates à baliza adversária no primeiro tempo, situação essa que conseguiu resolver na segunda parte fazendo para si  os três golos do encontro.

Neste jogo, o melhor jogador em campo para mim,  foi o Aimar que este ano está a fazer a melhor época desde que chegou ao clube, jogando sempre com muito empenho, classe e alguma matreirice, naquela função de condutor das operações.

Por fim, deixar aqui os parabéns aos meus amigos benfiquistas, por este bom resultado que, permite ao seu clube passar para a fase de grupos da Liga dos Campeões, permitindo assim entrar mais  dinheiro  nos cofres do Benfica e criar prestígio para o futebol nacional.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Em Tempos de Crise " Não se bebe leite "

-Esta pode ser a conclusão da publicação de um estudo de biólogos, da Universidade de Uppsala, no British Medical Journal, em que se afirma que tomar cálcio não reduz o risco de fracturas e osteoporose, pois esse risco atinge o seu mínimo com 750 mg diários de cálcio, risco que não diminui mais do que isso.- Assim sendo, parece desnecessário continuarmos a beber litros de leite e a comer quilos de queijo, até porque estes produtos, em tempos considerados essenciais ( especialmente o leite ), já não estão infelizmente ao alcance de todas as bolsas, e, por coincidência ou não, esta notícia cai na crise como sopa no mel. E assim vai a crise, em crescimento, ensinando à classe média o que os mais pobres há muito aprenderam : "comer e beber cada vez menos e, no resto, de mal a pior!!!

Pobreza

Ouvi há pouco numa rádio que o senhor Américo Amorim, quando lhe perguntaram sobre a sua disponibilidade para contribuir - como o homem mais rico de Portugal - com um imposto especial sobre as grandes fortunas para ajudar a combater a crise, respondeu que não se considerava um homem rico mas um trabalhador assalariado.
E  pronto, quanto ao mais conversa acabada.
Entretanto leio nos jornais que o número de sem-abrigo aumentou 20 a 30% desde 2008 que um grande parte são pessoas que perderam o seu emprego e que as crianças do pré-escolar podem ficar sem refeições no regresso à escola e, ainda que, o mês de Setembro vai ser "muito complicado".
Aqui fica um pequeno e infeliz retrato do que afinal  alguns senhores (detentores de grandes fortunas e do poder), pensam quando o tema é solidariedade.

Só a luta organizada nos poderá levar para outro caminho que não seja este da pobreza. Será nesse sentido que vamos viver os próximos tempos.

Outro desígnio


Por Anabela Fino, no Jornal Avante.

Basicamente, Passos Coelho foi à festa do PSD no Pontal dizer três coisas: que os portugueses têm um desígnio nacional a cumprir; que o Governo se prepara para fazer um corte na despesa sem paralelo nos últimos 50 anos; e que o «caminho da conflitualidade» não tem lugar em Portugal pois o Governo anseia por «uma base mais alargada de diálogo social».

Confesso que ao ouvir Coelho – enquadrado por uns jovens que com entusiasmo fúnebre levantavam e baixavam bandeiras sempre que soavam uns mortiços aplausos – me senti de súbito remetida para a sala de estar da casa paterna onde há um ror de anos insistia em ver as «conversas em família» de Marcelo Caetano, o sucessor de Salazar que tentou fazer crer ao povo português que as ditaduras podem ter primavera.

Salvaguardadas as devidas distâncias, Coelho, tal Caetano, veio dizer que o mundo tem os olhos postos em Portugal porque aqui se está a fazer história com as medidas impostas para resolver a «crise», razão necessária e suficiente – ao que parece – para o País se sentir orgulhoso do seu destino, conhecida como é – ontem como hoje na lógica do poder ao serviço do capital – a atracção fatal exercida pelo estrangeiro sobre os gentios. Dêem-nos um turista e logo nos acotovelamos para lhe engraxar os sapatos, cantar o fado e encher o estômago com as iguarias nacionais. De guardanapo pendurado no braço, evidentemente.

Por isso mesmo Coelho sublinhou que o que se pede a cada português «não é apenas paciência e espírito de sacrifício, é também que consiga, no seu dia-a dia, a noção de que o que estamos a fazer ficará na história da Europa, e na história da democracia».

Pobres mas honrados, fazemos das tripas coração para pagar até ao último cêntimo aos agiotas, morrendo de fome se necessário for para garantir um lugar no céu dos explorados e oprimidos, que como se sabe não é deste mundo.

Ao anunciar cortes sem paralelo nos últimos 50 anos, Coelho não só nos remeteu para o início dos anos 60 como deixou antever o cenário dantesco que nos prepara: qualquer coisa como o regresso às catacumbas do tempo da ditadura depois de termos visto o sol. Para quem já se esqueceu ou nasceu depois do 25 de Abril, nesses anos o trabalho não tinha direitos, o salário era à vontade do patrão, a saúde e a educação eram privilégios dos ricos, só um punhado tinha férias e reforma, uma sardinha dava para três...

Perante um tal cenário, de que apenas se conhece os contornos – Coelho não escondeu que ainda «vamos ingressar no coração, no plano mais duro das tarefas que temos a realizar» – o primeiro-ministro fez um apelo «muito especial» aos parceiros sociais, para que compreendam que «o caminho da conflitualidade que temos visto aparecer em outras sociedades pode ter justificação em cada uma delas, mas não é o caminho» para Portugal. O Governo, disse, quer «diálogo» com os parceiros sociais, no sentido de alcançar um «acordo social mais alargado para os próximos três anos».

Salvaguardadas as diferenças, Marcelo Caetano também «dialogava» com os portugueses: ele falava e nós ouvíamos. Marcelo, recorda-se, até nos dava a liberdade de pensar... em silêncio.

Depois foi Abril. Porque fazer História não é aceitar o mundo, é transformá-lo.



terça-feira, 23 de agosto de 2011

"A LUTA É UMA ARMA"



Contra a vontade de Passos Coelho, dos seus apoiantes/comentadores de televisão; Cardeal de Lisboa e alguns seus Bispos, a luta do povo pelos direitos adquiridos vai sair à rua. E, fiquem os senhores acima citados e seus companheiros de "barricada" a saber, que, o povo é consciente e sabe muito bem que tudo o que conseguiram até hoje foi sempre através da luta que o alcançaram.
Os portugueses estão indignados com esta forma profundamente injusta de fazer política, ou seja: tirar tudo a quem já pouco tem (trabalhadores, reformados e desempregados), para dar de bandeja aos senhores do capital e não lhe exigir nada em troca. Isto, só pode conduzir a um sentimento muito grande de injustiça e  indignação, perante quem nos governa.

domingo, 21 de agosto de 2011

Manuel da Fonseca

No Centenário do seu nascimento ( faria no próximo dia 15 de Outubro 100 anos), deixar aqui um dos seus muitos poemas; plenos retratos da realidade social, da brutalidade do fascismo e do seu Alentejo.







Dona Abastança

«A caridade é amor»
Proclama dona Abastança
Esposa do comendador
Senhor da alta finança.

Família necessitada
A boa senhora acode
Pouco a uns a outros nada
«Dar a todos não se pode.»

Já se deixa ver
Que não pode ser
Quem
O que tem
Dá a pedir vem.

O bem da bolsa lhes sai
E sai caro fazer o bem
Ela dá ele subtrai
Fazem como lhes convém
Ela aos pobres dá uns cobres
Ele incansável lá vai
Com o que tira a quem não tem
Fazendo mais e mais pobres.

Já se deixa ver
Que não pode ser
Dar
Sem ter
E ter sem tirar.

Todo o que milhões furtou
Sempre ao bem-fazer foi dado
Pouco custa a quem roubou
Dar pouco a quem foi roubado.

Oh engano sempre novo
De tão estranha caridade
Feita com dinheiro do povo
Ao povo desta cidade.

Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"

sábado, 20 de agosto de 2011

Sendo sábado, temos música (96)

Hoje, nesta manhã cinzenta com muito calor,ficamos com a fresca e bonita voz de Susana Félix para nos ajudar nas tarefas que temos pela frente.





Bem Vindo

Tantas as promessas que não esqueço
Trancadas onde nunca mexo
Chego a tempo de me socorrer

Faz uma entrada triunfal
Sem finta nem meia final
Trás me a paz que o mundo perdeu

Olha para mim
Bem vindo a tudo o que é meu
Que o melhor dos nossos mundos
É tão pouco afinal

Estou de fileira à minha urgência
Já não há mais paciência
De ter fé no assim, assim

conta me história do bandido
Que a alma não sente o perigo
Faz-me crer que o mundo é aqui

Olha para mim
Bem vindo a tudo o que é meu
Que o melhor dos nossos mundos
É tão pouco afinal
(2X)

Faz uma entrada triunfal
Sem finta nem meia final
Chega a tempo de me adormecer

conta me história do bandido
Que a alma não sente o perigo
Faz-me crer que o mundo é aqui

Olha para mim
Bem vindo a tudo o que é meu
Que o melhor dos nossos mundos
É tão pouco afinal
(2X)



Bom sábado, boas notícias e boa música.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Encerramento de empresas sobe 23% no primeiro trimestre




...Desapareceram 1250 lojas de comércio, 720 imobiliárias e 423 restaurantes no primeiro trimestre deste ano. Estas empresas fazem parte do grupo de 5013 sociedades que encerraram em Portugal, entre Janeiro e Março, como consequência da crise económica e da simplificação dos processos de dissolução de sociedades. «Público»


Os números resultantes das políticas das troikas vão chegando diariamente para confirmar aquilo que muitos diziam:"com este Governo e as suas políticas de direita, caminhamos no sentido do caos e da miséria".

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Capas de jornais (25)


Afinal para que servem estes "concursos"? Para mandar areia para os olhos do pessoal cá do burgo, ou será uma forma  de chicoespertismo para não inflacionar o número das nomeações  dos boys?!

(finalmente o Blogger voltou à normalidade!)

Hoje, no Blogger, não é possível escrever um post para além do título.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

«Vamos brincar à caridadezinha!»

Por Margarida Botelho, no Jornal Avante.


Na semana em que entraram em vigor os novos aumentos dos preços dos transportes e se aprovou o Orçamento Rectificativo para legalizar o roubo do BPN, o Governo PSD / CDS, preocupadíssimo com a situação social que a sua política agrava a olhos vistos, decidiu lançar espectaculares medidas de combate à pobreza, contidas num aplaudido «Programa de Emergência Social» que, como convém, remete quase tudo para legislação posterior. E o que diz o Programa?

Há fome em Portugal? Alterem-se as regras de segurança alimentar para se poderem distribuir os restos aos pobres. O desemprego alastra? Dêem-lhes micro-crédito para serem empreendedores. Faltam creches? Apertem-se mais quatro meninos em cada sala e já está. As IPSS estão estranguladas? Dêem-lhes uma linha especial de crédito e ponham-se os beneficiários do RSI e do subsídio de desemprego a trabalhar à borla. As famílias estão sobre-endividadas? Dêem-lhes cursos sobre literacia financeira. Não têm dinheiro para os medicamentos? Façam figas para só precisarem de um que esteja quase quase a acabar o prazo e alguém tenha ido deixar à farmácia. Os bancos têm milhares de casas por vender? As autarquias que façam de agência imobiliária. Faltam lares para a terceira idade? Invista-se nas redes solidárias de vizinhança – o que quer que isso seja. É preciso cortar a despesa dos equipamentos sociais? Vendam-se já os primeiros 40, em lista a anunciar brevemente. A pobreza cresce? Crie-se um banco de ideias para promover boas práticas, a ver como é que isso se há-de resolver. A situação é desesperada? Ligue para a linha telefónica de emergência social.

Para os devidos efeitos se informa que todas as respostas acima mencionadas constam da intervenção do ministro Mota Soares, disponível no portal do Governo. Não fomos nós que as inventámos, que não tínhamos cara de pau nem hipocrisia para tanto. Nem a brincar.

Na canção de Barata-Moura que empresta o nome a este artigo, canta-se que determinada alma caridosa «rouba muito mas dá prenda». É um verso que parece feito para estes senhores, não parece?

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Campo Maior e as Festas do Povo


Sem querer falar da crise porque esse é já o "tema " que mais falantes contabiliza, quero lembrar aos que ainda possam usufruir de uns dias de férias ou mesmo de um simples fim de semana, que podem sempre optar por um passeio económico e inesquecível à linda vila arraiana de " Campo Maior ", para apreciar as tão famosas Festas do Povo, outrora chamadas de Festas dos Artistas, e bem em meu entender, porque na realidade elas foram sempre e continuam a ser, acima de tudo, uma grande manifestação artística de quem trabalha meses a fio, sem outra motivação que não seja o amor à vila e à rua a que pertencem e que orgulhosamente chamam de sua, fazendo os possíveis para que a mesma fique sempre mais bonita que a do vizinho.É uma vila que ,de tempos a tempos,sem data certa, se cobre totalmente de flores para receber e encantar os muitos milhares de visitantes que ali se desloquem entre 27 de Agosto e 4 de Setembro .Durante estes dias para além do imenso jardim florido há que desfrutar dos cantares alentejanos e dos grupos de residentes, e não só, que cantam pelas ruas as desgarradas e dançam as saias.E para que o passeio seja perfeito, viaje com cuidado, leve calçado a preceito, água e chapéu contra o calor e, tudo o resto é para recordar com amor !!!


Festa das flores em Campo Maior - Chiquita por Verdegaio

73ª Volta

                                                       LUSA/Record


...Ricardo Mestre alcançou aos 27 anos a vitória mais importante da sua carreira e sucedeu no historial de vencedores da prova ao espanhol David Blanco, seu antigo companheiro de equipa, que triunfou na Volta em quatro ocasiõesPúblico»

Terminou ontem com a etapa Sintra-Lisboa, a 73ª Volta a Portugal em bicicleta que este ano foi corrida quase toda a prova, na região norte.
Venceu o Ricardo Mestre da equipa Tavira-Prio, equipa  que, nos primeiros cinco lugares da classificação geral individual, coloca três ciclistas.
Parabéns ao vencedor e à equipa algarvia.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Menos TSU, mais problemas

Por Carvalho da Silva, em artigo de opinião  no "JN"no passado sábado.

Estamos no fim de uma semana que, no plano nacional, europeu e mundial, se confirma a burla que têm significado as políticas de "resposta à crise", desenvolvidas desde 2008. Os planos de austeridade implementados em muitos países da União Europeia (U.E.) - hoje o "Cavalo de Tróia" a globalização" neoliberal e potencialmente belicista - apenas servem para consolidar, a favor dos grandes capitalistas, o maior roubo organizado da história da Humanidade em que se consubstancia todo o processo da chamada crise em que vivemos, para atacar e destruir o Estado-social, e para impor um forte retrocesso social e civilizacional de que as forças políticas, económicas e sociais do neoliberalismo precisam com vista a manterem-se no Poder.

Em Portugal, o Governo apresentou o Relatório sobre a descida da Taxa Social Única (TSU), em 3,7 pontos percentuais, na parte paga pelas empresas. Ninguém que conheça a história dos sistemas de Segurança Social públicos, que tenha observado pronunciamentos de economistas e até de empresários que não embarcam no mero oportunismo, ou que analise com rigor o relatório, acredita que esta medida venha a ter resultados positivos. Desde logo a descida do TSU compensada pelo aumento do IVA irá agravar a crise económica e o défice.

Como refere a CGTP-IN num primeiro comentário «O seu título ("desvalorização fiscal") é em si mesmo elucidativo. Para além de alimentar a confusão entre impostos e contribuições sociais, revela que se pretende resolver o problema da economia por via de uma desvalorização social (a qual substituiria uma desvalorização cambial), quando o mesmo relatório admite que "a falta de competitividade da economia portuguesa está associada à existência de um elevado número de empresas com uma baixa produtividade".».

Até que a voz nos doa é preciso denunciar os desastres que, uns atrás dos outros, vêm sendo adoptados pelo Governo no cumprimento esmerado das receitas da U.E. e do FMI. Aqueles que continuam a apostar no sacrifício do povo com programas de austeridade cada vez mais duros, mas sabem que este caminho é desastroso, hão-de mudar de rumo, mas só o farão quando o movimento social e político os forçar a isso.

O afrontamento indispensável a certas forças de mercado (no plano nacional, europeu e global), a introdução de regras sérias no comércio mundial que travem a exploração desmedida dos mais pobres, a instabilização dos poderes e do papel de certa burguesia que se instalou no nosso país, a opção por políticas que garantam uma mais justa distribuição da riqueza e a dinamização dos investimentos público e privado para se fazer crescer a economia e o emprego, só serão possíveis com uma forte mobilização que se transforme em acção política concreta assumida na interpretação dos interesses do povo e na salvaguarda da democracia. Se este despertar tardar, o descalabro que nos afundará em roturas e conflitos sociais incontroláveis e num belicismo crescente (que até pode ser difuso), torna--se inevitável.

Medidas como esta sobre a TSU são graves acrescentos aos problemas que já temos.

A redução proposta tem no essencial seis (6) objectivos/efeitos: i) enfraquece o sistema de segurança social e acabará por instabilizar e enfraquecer as condições de vida de gerações em idade de reforma; ii) agravando o IVA transfere mais sacrifícios para os consumidores (a generalidade das famílias) e para os custos (preço dos produtos) de grande parte das empresas, provocando mais desemprego e falências; iii) torna o sistema fiscal mais injusto; iv) acentuará a recessão económica; v) aumentará o lucro de accionistas de grandes grupos económicos que acrescentarão mais uns bons milhões aos resultados de "gestões empresariais de êxito"; vi) enfraquecendo e desacreditando o sistema público universal e solidário da segurança social, gestores zelosos dos interesses do capital colocarão em prática orientações que "motivem" e "encaminhem" os trabalhadores para, individualmente, entregar nas mãos do sector financeiro e especulativo as poupanças que possam fazer na perspectiva de uma "reforma segura".

O muito que está em causa exige um grande debate e mobilização.

domingo, 14 de agosto de 2011

Hoje pode ser dia de cinema (41)




O Atalho

Realização de Kelly Reichardt


Sinopse
1845, Oregon. Uma caravana composta por três famílias contrata Stephen Meek, um explorador, para guiá-los através da Cordilheira das Cascatas. Meek, afirmando conhecer um atalho, conduz o grupo ao longo das planícies desérticas por um caminho não assinalado, acabando por se perder num deserto de pedras. Os emigrantes terão de enfrentar a fome, sede e a falta de fé que demonstram no instinto de sobrevivência uns dos outros. Quando um nativo-americano se cruza no seu caminho, os emigrantes sentem-se divididos entre depositar a sua confiança num guia que provou ser pouco fiável e um homem que sempre viram como um inimigo natural. «sapocinema»

Bom domingo e bons filmes.

sábado, 13 de agosto de 2011

Octávio Teixeira considera descida da TSU "um disparate"



Octávio Teixeira comenta a alteração que poderá vir a ser aplicada à Taxa Social Única (TSU), ou seja, as contribuições patronais para a segurança social, mostrando-se claramente contra. O comentador do Conselho Superior da Antena 1 considera que a redução da TSU é um disparate porque não vai aumentar a competitividade das empresas.





...os senhores a as senhoras que andaram de comício em comício a dar beijos e abraços a Passos Coelho,convencidos que estava ali o melhor para eles, devem já nesta altura estar a pensar que, afinal, nada do que foi prometido se está a fazer e, que uma vez mais caíram no conto do vigário ao ouvirem/acreditando que (uma vez no poder o PSD), iria resolver o problema da dívida não pelo lado da receita mas pelo lado da despesa.
E o senhor Presidente?... Que estava nessa altura muito preocupado com a distribuição igualitária e o limite dos sacrifícios?
Foi de férias,  desapareceu de cena.
Resta ao Povo o que sempre restou, preparar-se para  lutar,obrigando este governo e os seus defensores a perceberem que os sacrifícios do Povo têm limites e esses já foram ultrapassados há muito.

Símbolo da resistência, Fidel completa 85 anos

O líder cubano Fidel Castro, ícone do século 20, comemora neste sábado (13) mais um aniversário. Ex-presidente da ilha, esse "soldado das ideias" chega aos 85 anos contrariando aqueles que insistiam em prever desde seu ocaso até uma morte prematura. Fidel, no entanto, continua bem vivo, lúcido e ativo.

No portal Vermelho

Sendo sábado, temos música (95)

Hoje, na preparação da festa, lembrei-me  dos Xutos que este ano vão estar novamente na Grande Festa do Avante.




CONTENTORES


A carga pronta metida nos contentores
Adeus aos meus amores que me vou
P'ra outro mundo
É uma escolha que se faz
O passado foi lá atrás

A carga pronta metida nos contentores
Adeus aos meus amores que me vou
P'ra outro mundo
Num voo nocturno num cargueiro espacial
Não voa nada mal isto onde vou
P'lo espaço fundo

Mudaram todas as cores
Rugem baixinho os motores
E numa força invencível
Deixo a cidade natal
Não voa nada mal
Não voa nada mal

Pela certeza dum bocado de treva
De novo Adão e Eva a renascer
No outro mundo
Voltar a zero num planeta distante
Memória de elefante talvez
O outro mundo

É uma escolha que se faz
O passado foi lá atrás
E nasce de novo o dia
Nesta nave de Noé
Um pouco de fé (x2

Bom sábado, boas notícias e boa música.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

"De mau a Péssimo"






ELIAS O SEM ABRIGO, no "JN" de hoje


O dinheiro que os patrões vão "meter no bolso", por via da redução da Taxa Social Única para as empresas, vamos pagá-lo todos nós (os mais pobres, com maiores sacrifícios), através da subida do IVA que por aí se vai anunciando.
Com mais esta medida, fica claro, uma vez mais, o sentido político objectivo deste Governo PSD/CDS com o apoio (envergonhado(?) ) do PS (seu parceiro na troika interna), nestas matérias com resultados desastrosos para a maioria dos portugueses.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Um crime em três actos



Por Vasco Cardoso, no Jornal Avante.


A história do BPN não é um caso excepcional ou anormal no mundo em que vivemos. Não representa um desvio do chamado funcionamento regular dos mercados. Não foi um desvario ganancioso de um punhado de parasitas. A história do BPN é sobretudo espelho do capitalismo, naquilo que ele comporta de subordinação do poder político ao poder económico, de corrupção, do Estado entendido como instrumento do grande capital, da livre circulação de capitais e da crescente financeirização da economia, de agravamento da exploração de todo um povo para servir os lucros de alguns.

O processo do BPN constituiu, com diferentes protagonistas e decisores, um crime em três actos: o que correspondeu ao período de gestão mafiosa de Oliveira e Costa, Dias Loureiro e Cia; o que decorreu da «nacionalização» dos prejuízos do banco pelo Governo PS, deixando de fora todo o património do Grupo SLN, onde este se incluía; e o que agora se concretiza, pela mão do Governo PSD/CDS, com a sua entrega ao BIC - detido por capitais angolanos e por Américo Amorim – limpo de qualquer encargo e com menos de metade dos trabalhadores.

Para o povo português sobra a pesada factura de cada um destes três actos: cerca de 1800 milhões de euros, de imparidades, já contabilizadas nas contas públicas; cerca de 500 milhões de euros que o Estado ainda injectará para «recapitalização» antes de vender o banco; o valor das indemnizações de centenas de trabalhadores a despedir; e o que CGD não conseguir vender dos 3900 milhões de euros de «activos» que passou a deter do banco, onde se inclui muito do chamado lixo tóxico, e que podem valer...coisa nenhuma. Longe de estar encerrado, nos próximos anos, o povo português continuará a pagar com sacrifícios, com desemprego, com pobreza, a roubalheira que este processo revelou.

Poderia ter sido de outra forma? Sim! Mas então, não teríamos governos submetidos aos interesses da burguesia monopolista, nem o País estaria a ser alvo de um programa de agressão externa por parte da UE e do FMI, nem as sucessivas propostas do PCP nesta matéria teriam sido recusadas, e nem o capitalismo seria, afinal de contas, aquilo que verdadeiramente é.

A história do BPN desenvolve criativamente a acertiva frase de Brecht: «Melhor do que roubar um banco é fundar um».

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Londres

A violência parece não acalmar em Londres e nos bairros da periferia.

A revolta social a que estamos a assistir, parece ter tido origem na morte de um jovem baleado pela polícia  em Tottenham, mas também pelo descontentamento social, provocado pelas medidas económicas que o Governo de David Cameron tem anunciado e posto em prática, com o argumente do controlo do déficite que, neste momento em Inglaterra se situa na ordem dos 10% do PIB.

Num altura em que o desemprego aumenta de uma forma descontrolada em toda a UE e ao mesmo tempo os governos vão cortando nas regalias sociais  - criando grandes dificuldades de subsistência em largos sectores das populações - mas permitindo que a distribuição da riqueza criada pelos trabalhadores não seja feita de forma justa mas que seja apenas praticamente o capital e ficar com ela, é natural que os conflitos sociais se venham a verificar e a acentuar de forma brutal, num futuro muito próximo.
O povo tem direito à indignação...

Depois de tudo isto, espero que os dirigentes da UE tirem as conclusões do momento difícil que a grande maioria dos europeus estão a passar, e, arrepiem caminho, pondo em prática políticas que  permitam à generalidade das pessoas viver melhor, ou seja: viver com dignidade.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Henricartoon

"Os sacrifícios não vão ser suaves"

O primeiro-ministro Passos Coelho partiu para férias (afinal, sempre há ferias!!!) e deixou no facebook, a seguinte mensagem: "Os sacrifícios não vão ser suaves". Antes, São José de Almeida perguntava no Jornal Público, de 11.07.11 o seguinte: "O que faremos quando concluirmos que o Memorando é não só impossível de cumprir, como também não resolve o problema, antes aumenta a crise?".
A este tipo de perguntas, Passos Coelho, Continua a assobiar para o lado fingindo que não é nada com ele, continuando a impor aos portugueses um conjunto de medidas que só podem conduzir a maioria dos trabalhadores e reformados, para a  miséria, e, ao mesmo tempo  encher os bolsos a meia dúzia de capitalistas que já hoje vão tendo tudo aqui no "burgo" neoliberal.

domingo, 7 de agosto de 2011

Capas de jornais (24)


Continuamos no "lamaçal das nomeações "e dos "boys".
O Ministério da Economia foi o que mais nomeou.
O Governo já tem 46 motoristas e 119 secretárias.

sábado, 6 de agosto de 2011

No Vietnã, agente laranja faz terceira geração de vítimas

Assolado por um confronto que durou cerca de 20 anos, o Vietnã ainda vê em sua população as marcas de uma das guerras mais impactantes do século passado. O conflito, travado pelos Estados Unidos, deixou 2 milhões de inválidos e 300 mil desaparecidos. Os 83 milhões de litros de agente laranja – herbicidas altamente tóxicos – despejados por Washington sobre milhares de hectares do Sudeste Asiático já faz a terceira geração de atingidos no país.

Por Fabíola Perez, para ler aqui no Portal Vermelho

6 de Agosto de 1945

Mais um ano sobre um dia triste para a Humanidade.

Sendo sábado, temos música (94)

 Hoje vim aqui parar! Cine Teatro Curvo Semedo em Montemor-o-Novo, 2008.

Etelvina do Sérgio Godinho na versão Oficina do Canto.





Etelvina com seis meses já se punha de pé
Foi deixada num cinema depois da matinée
Com um recado na lapela que dizia assim :
''Quem tomar conta de mim,
quem tomar conta de mim
Saiba que fui vacinada,
Saiba que sou malcriada.''

Etelvina com dezasseis anos já conhecia
Todos os reformatórios da terra onde vivia
Entregaram-na a uma velha que ralhava assim :
''Ai menina sem juizo
nem mereces um sorriso
Vais acabar num bueiro
sem futuro nem dinheiro. ''


"Eu durmo sozinha à noite
Vou dormir à beira rio à noite, à noite
Acocorada com o rio à noite, à noite"


Etelvina era da rua como outros são do campo
Sua cama era um caixote sem paredes nem tampo
Sua janela uma ponte que dizia assim:
''Dentro das minhas cidades
já não sei quem é ladrão
Se um que anda fora de grades
se outro que está na prisão ''


Etelvina só gostava era de andar pela cidade
A semear desacatos e a colher tempestades
A meter-se c´os ricaços, a dizer assim:
Você que passa de carro
''Ferre aqui a ver se eu deixo
Venha cá que eu já o agarro
Dou-lhe um pontapé no queixo. ''


"Eu durmo sozinha à noite
Vou dormir à beira rio à noite, à noite
Acocorada com o rio à noite, à noite"


Etelvina já cansada de viver sem ninguém
A não ser de vez em quando amores de vai e vem
Pôs um anúncio no jornal que dizia assim:
''Mulher desembaraçada
Quer viver com alma irmã
De quem não seja criada
De quem não seja mamã. ''


Etelvina já sabia que não ia encontrar
Nem um príncipe encantado nem um lobo do mar
Só alguém com quem pudesse dizer assim:
''O amor já não é cego
Abre os olhinhos à gente
Faz lutar com mais apego
A quem quer vida diferente. ''


O seu homem encontro-o à noite
A dormir à beira rio, à noite, à noite
Acocorado com frio à noite, à noite.

Bom sábado, boas notícias e boa música.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

"Hipocrisia do costume"



O Sr. Mota Soares (ministro da Solidariedade e da Segurança Social), veio hoje com pompa-e-circunstância, anunciar (em conversa em família) a "salvação" dos pobres atravez do Programa Social de Emergência (PES). Dizendo que este Governo tem consciência social blá, blá,blá... Então um Governo que tira metade do subsídio de natal, que congela pensões e salários dos portugueses de rendimentos baixos, que aumenta os transportes na forma arrogante e brutal como o fez, que retira a comparticipação nos medicamentos a milhares de idosos, que promove a precariedade e os despedimentos dos trabalhadores em geral, que promove o ataque à Segurança Social atravez da redução da Taxa Social Única, que tem um pacote de privatizações com efeitos desastrosos para a economia nacional; vem dizer que aqueles que nada têm vão ter casas mais baratas, remédios (em fim de prazo) mais baratos, transportes mais baratos, etc. etc. .
Este PES, só pode ser entendido como uma profunda hipocrisia e uma brincadeira de mau gosto para  com os portugueses que ainda sentem que têm cabeça para pensar e que vão lutar para que o Sr. ministro e o seu PES vão dar uma volta ao bilhar-grande e fiquem por lá para sempre.

Crise européia: a chantagem dos bancos e o "calote" da grande imprensa

Dada a dimensão das dificuldades de países europeus, forma-se um consenso de que será necessária a renegociação das dívidas públicas. Ao contrário da qualificação depreciativa de “calote” dada pela grande imprensa, trata-se de repactuação de tais estoques entre Tesouros devedores e credores.

Artigo publicado por Paulo Kliass, no portal Carta Maior que pode ler aqui.

Cargas policiais ontem em Madrid



Cerca de vinte feridos ligeiros foi o resultado da carga policial num grupo de manifestantes do grupo 15-M junto do Ministério do Interior.«Público.es»

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

BPN: negócio das arábias

Por Octávio Teixeira, no Jornal de Negócios

Para a nacionalização do BPN alegou-se o risco sistémico da sua falência e a garantia dos depositantes. Alegações falaciosas. Quinze dias antes o ministro das Finanças tinha declarado (e dessa vez bem) que o BPN não representava um risco para o sistema, dada a sua reduzida dimensão. Quanto aos depósitos já então fora anunciada a elevação da garantia de todos os depósitos bancários para 50 ou 100 mil euros, os que poderiam suscitar a preocupação do Estado. Para além da falácia da argumentação, e contra muitas opiniões, foi nacionalizado o BPN, mas não a empresa sua proprietária (Sociedade Lusa de Negócios) que detinha um património suficiente para tapar o buraco do Banco. De facto o que se passou com o BPN não foi uma nacionalização mas uma socialização dos prejuízos e salvação dos seus accionistas.

Agora, o actual Governo reprivatiza a la carte o BPN, só o bife de lombo, pagando 510 milhões (o novo aumento de capital deduzido do preço de venda) para que o BIC possa, alegremente e sem riscos, aumentar o seu peso no sistema bancário. Assumindo desde já um prejuízo para o erário público, para os contribuintes, de 2.400 milhões. Mas os custos serão mais avultados. Os activos considerados "lixo" já transferidos para o Estado serão acrescidos dos activos "quase lixo" ou apenas com risco que não interessem ao adquirente. Suportará os custos do despedimento de 800(!) trabalhadores. E ainda nada sabemos sobre os milhares de milhões, garantidos pelo Estado, que a CGD já injectou no BPN…

Quer a "nacionalização" quer a "venda" do BPN são negócios das arábias. Mas não para os contribuintes. Esses estão condenados a pagar os dislates e favores governativos com aumentos brutais dos impostos, dos transportes, do gás e do que mais se verá.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Acredite se quiser

Por Manuel António Pina, no Jornal de Notícias

O actual Governo começa a parecer-se de mais com uma comissão liquidatária do património do Estado a preços de saldo (e com os contribuintes a financiar os compradores).

A eliminação das "golden shares" a troco de nem um cêntimo não foi outra coisa senão uma escandalosa liberalidade ao capital privado. E não se diga que foi imposição da "troika" pois a "imposição" foi aceite, é bom não esquecê-lo, por PSD, CDS e PS e apesar de Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Irlanda, Grécia, Finlândia, Bélgica e Polónia continuarem a manter "golden shares" em empresas estratégicas (provavelmente terão é governos menos servis).

O BPN será, por sua vez, "vendido" ao BIC com o Estado a suportar os encargos dos despedimentos e ter que nele meter ainda mais 550 milhões, além dos 2,4 mil milhões que já lá estão. Tudo por... 40 milhões.

Seguir-se-ão os transportes, as estruturas aeroportuárias, os Correios, a água... O processo será o mesmo dos transportes: primeiro limpam-se os passivos das empresas à custa dos contribuintes (os aumentos "colossais" das tarifas dos transportes públicos dão uma ideia do que está para vir) depois são entregues de bandeja ao capital privado.

Para isso, o Orçamento Rectificativo agora apresentado na AR prevê 12 mil milhões para a banca mais um aumento de 20 para 35 mil milhões em garantias. Assim não faltarão à banca dinheiro nem garantias do Estado para ir aos saldos do Estado.

Os pontos nos is

Por Aurélio Santos, no jornal Avante

Paulatinamente, ao ritmo de uma medida por semana, vem o actual Governo implementando um conjunto de medidas com que se pretende restringir drasticamente direitos sociais e direitos laborais, juridicamente garantidos, conquistados ao longo de muitas décadas.

Há duas semanas foi o imposto sobre o 13.º mês (50%), a semana passada foi o aumento de 15% do preço dos transportes públicos, esta semana o pacote laboral.

Estas decisões apresentadas como inapeláveis, e onde começam a surgir tenuamente tiques ditatoriais (veja-se a posição assumida pela presidente da Assembleia da República sobre o direito de parecer das organizações dos trabalhadores na discussão do pacote laboral), são-nos apresentadas como consequência da situação económica do País que, dizem, não comporta os custos desses direitos.

Como inserir neste discurso o vencimento do agora nomeado presidente da CGD que vai auferir mensalmente mais de 46 salários mínimos?!! O princípio de que o País não comporta determinados custos não se aplica aqui?

O desfasamento entre os salários dos trabalhadores portugueses e o custo de vida cresce exponencialmente tornando-se incomportável e insuportável para a maior parte da população. Inversamente, até ao momento, não foi apresentada uma única medida que penalize o capital.

Aliás, esta medida de um aumento brutal do preço dos transportes visa, essencialmente, sanar as empresas públicas de transportes das dívidas existentes para depois as privatizar. Ou seja: aqui vamos todos fazer mais um esforçozinho para dar uma ajuda ao capitalismo a braços com uma crise que ele próprio criou.

Esta crise não é nossa – é uma crise do capitalismo que, «democraticamente» nos impõem que paguemos.

Estas decisões fazem lembrar uma frase atribuída ao ditador Salazar, que continua bem vivo na memória colectiva do nosso povo – um dia perante uma decisão que apenas penalizava os mais pobres, alguém o questionou pelo facto de os ricos não serem afectados, ao que ele terá respondido «os pobres são muitos e já estão habituados».

Ao poder político aqui fica o recado – o povo português jamais aceitará ser de novo tratado da mesma forma.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

"Redistribuição do rendimento em benefício dos que já mais têm "

(...) Portugal é um dos países da UE onde a distribuição do rendimento e da riqueza é já das mais desiguais. Segundo o Eurostat, em 2009, os 20% da população portuguesa com rendimentos mais elevados recebiam seis vezes mais rendimento do que os 20% da população com rendimentos mais baixos, enquanto a média na União Europeia era de 4,9 vezes. Por outro lado, segundo o INE, também em 2009, os 10% da população com rendimentos mais elevados recebiam 9,2 vezes mais rendimento do que os 10% da população com rendimentos mais baixos. E 17,9% da população, ou seja, cerca de 1,9 milhões de portugueses viviam com rendimentos abaixo do limiar da pobreza. Isto depois das transferências sociais, pois se essas transferências forem eliminadas ou reduzidas, como este governo pretende, a taxa de risco de pobreza sobe para 43,4%.

Estudo de Eugénio Rosa,  que pode ser lido na totalidade aqui.

"Justiça social"

Rendimentos mais baixos serão mesmo forçados a emprestar ao Estado

«jornal de negócios»

Os pobres vão pagar os ricos ficam isentos.
Fica assim demonstrado o sentido de justiça social deste Governo  e seus papagaios-tarefeiros, tantas vezes referido nas rádios, tvs e jornais, ao seu serviço.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Aí estão as medidas das Troikas a entrar no bolso de todos nós.

 

Transportes mais caros a partir de hoje

Os títulos dos transportes ficam hoje mais caros, nalguns casos em mais de 20 por cento, uma medida contestada por comissões de utentes, sindicatos e partidos da oposição. «DN»

Um dos sindicatos do sector - Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário - lembrou recentemente, que nos últimos 30 anos, os sucessivos governos «têm passado responsabilidades suas para empresas públicas de transportes que se viram obrigadas a endividar-se, pagando assim, todos os anos mais em juros do que em salários».
Para os ferroviários, ao invés das medidas anunciadas pelo Governo, o País precisa «de um incentivo à utilização do transporte público, que teria um menor custo energético, menores custo económicos e seria mais amigo do ambiente». Logo, de todos nós, digo eu!