No Centenário do seu nascimento ( faria no próximo dia 15 de Outubro 100 anos), deixar aqui um dos seus muitos poemas; plenos retratos da realidade social, da brutalidade do fascismo e do seu Alentejo.
Dona Abastança
«A caridade é amor»
Proclama dona Abastança
Esposa do comendador
Senhor da alta finança.
Família necessitada
A boa senhora acode
Pouco a uns a outros nada
«Dar a todos não se pode.»
Já se deixa ver
Que não pode ser
Quem
O que tem
Dá a pedir vem.
O bem da bolsa lhes sai
E sai caro fazer o bem
Ela dá ele subtrai
Fazem como lhes convém
Ela aos pobres dá uns cobres
Ele incansável lá vai
Com o que tira a quem não tem
Fazendo mais e mais pobres.
Já se deixa ver
Que não pode ser
Dar
Sem ter
E ter sem tirar.
Todo o que milhões furtou
Sempre ao bem-fazer foi dado
Pouco custa a quem roubou
Dar pouco a quem foi roubado.
Oh engano sempre novo
De tão estranha caridade
Feita com dinheiro do povo
Ao povo desta cidade.
Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"
Que bela maneira de passar o domingo!
ResponderEliminarUm abraço.
Vives en un país precioso.
ResponderEliminarUn abrazo.
Uma óptima escolha!
ResponderEliminarRegressado de férias.... conta comigo para a luta!