segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Enfrentar 2014

Por João Frazão, no jornal «Avante!»

O tema de capa da última edição da Visão, «Guia para enfrentar 2014», é, obviamente, oportuno.
A encimar esse Guia a Visão destacou o item «os melhores países para emigrar», expressão que, no interior da revista, aparece com a formulação «os países para onde vale a pena emigrar», lembrando que, «com o desemprego a afectar cerca de 900 mil portugueses, muitos continuam a buscar oportunidades além-fronteiras», e indicando que «Canadá, Austrália ou Noruega podem ser boas opções» para fugir ao drama que ultrapassa largamente aqueles números.
Apesar das notícias de que a retoma já está aí, contrariando o malabarismo dos números da economia a crescer, do desemprego a diminuir, e das exportações a aumentar, negando a falsificação de que os juros da dívida estão a valores de antes da troika e que o país vai regressar aos mercados, ficando assim tudo bem, aí está um mais que necessário guia para enfrentar 2014.
À cautela, dizemos nós (e não o poderia dizer a Visão), para enfrentar 2014 – desmentida que está, pela realidade, esta gigantesca operação ideológica de mentira e mistificação e confirmada a necessidade de continuar a dar combate a esta política e a exigir uma outra política e um outro governo, patrióticos e de esquerda – o que faz falta é uma boa dose de coragem, combatividade, organização e muita confiança.
Coragem face à avalanche de medidas e às suas consequências na vida de cada um.
Combatividade necessária para prosseguir uma luta que é tanto mais exigente quanto, do outro lado, estão não apenas, e nem principalmente, o Governo e a maioria PSD-CDS/PP e os que defendem a política de direita (em que o PS tem sérias responsabilidades), entre o quais está o Presidente da República, como caução deste Governo, mas o próprio capital, que é o beneficiário desta mesma política.
Organização, que é a melhor garantia de que a luta assume objectivos claros e que cada luta, por objectivos concretos, se insere num processo mais vasto que visa não penas dar respostas imediatas a tal ou tal medida mas exigir a ruptura com o rumo de desastre dos últimos anos.

E confiança. Confiança nas nossas forças, confiança nos trabalhadores e no povo, que ao longo na nossa história de quase novos séculos sempre foi capaz de se levantar e defender a nossa pátria.

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