Na habitual iniciativa de verão do PSD no Pontal, Passos Coelho escolheu como ponto central do seu discurso a ideia de que o Governo está a meio do seu caminho «reformador».
Ficamos pois a saber que as forças que compõem o Governo e o capital a quem servem consideram que a sua obra de destruição do país e de empobrecimento dos portugueses está a meio.
Passos Coelho descreve um Portugal de recuperação económica, rigor, inovação, exportações pujantes, que os «mercados» e os «decisores» invejam e dão como exemplo ao mundo. Um Portugal, imagine-se!, com um Governo que ataca os privilégios da banca. Um Portugal que só existe naquele discurso e nos que o repetem, à espera que se comprove a bafienta máxima de que uma mentira mil vezes repetida passa a ser verdade.
Mas o povo português sabe bem, na pele, o que significam estes três anos de Governo PSD-CDS ao serviço das troikas. São três anos de roubos nos salários e nas pensões, retrocessos civilizacionais, destruição de serviços públicos que levaram décadas a consolidar, desemprego, emigração, pobreza, falta de perspectivas. Três anos de despudorados privilégios aos grandes grupos económicos, de que o exemplo mais recente é a escandalosa utilização de dinheiros públicos para enterrar no BES.
Passos Coelho encena um ar compungido para dizer que faltam muitas «reformas» que se compromete a executar. E dá exemplos dos serviços públicos que pretende empurrar para as autarquias como antecâmara da privatização e da destruição, dos cortes que ainda há a fazer naquilo a que chama «despesismo» e outros chamarão cuidados de saúde, salários, educação, postos de trabalho.
Ninguém que olhe com um mínimo de honestidade intelectual para o que tem sido a prática da política deste Governo pode ouvir o discurso de Passos Coelho de outra forma que não seja uma gigantesca e ameaçadora declaração de guerra de quem está social e politicamente isolado, acossado pela luta, derrotado. Se isto que vivemos nestes três anos é só o meio do caminho que têm planeado, não queremos ver o resto aplicado nas nossas vidas. Os trabalhadores e o povo não os podem deixar continuar a sua obra de destruição do país.
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