Há não muito tempo, o insuspeito
Público titulava uma notícia com a mais isenta inocente das questões: "os
call-centers vão salvar a economia portuguesa?" [1] . A pergunta - que era
todo um programa político -, é respondida por dirigentes de empresas do sector
com um conjunto de afirmações ora insólitas (como a proposta de uma
licenciatura em Operador de Call-Center nas universidades, seguindo o modelo...
das Filipinas...), ora despudoradamente reaccionárias. Apelos explícitos a que
o Governo não regule as relações de trabalho no sector, elogios ao facto de a
mão-de-obra portuguesa ser barata, argumentos de um descaramento extremo do
estilo "mais vale isto que nada", de tudo ali se lança mão. Sente-se
uma confiança generalizada na docilidade de quem trabalha, uma persuasão de
invencibilidade, uma visão de mundo onde é um favor pagar salários, uma bênção
estar empregado, e onde a função da política é governar para as grandes
empresas que levam avante o nome do "país". Como dizia Lenine, e bem,
só a classe dominante consegue transformar os seus interesses em interesse
nacional. Como sabemos todos, é por isso que nenhum meio é de excluir para
derrotar esta gente.
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