quinta-feira, 29 de março de 2012

Buracos negros

Por Aurélio Santos, no Jornal « Avante! »

Durante décadas o estudo dos buracos negros fascinou os astrónomos e povoou o nosso imaginário através da literatura de ficção.

Hoje sabemos tratar-se de regiões do espaço onde a força gravitacional tem tal ordem de grandeza que nada lhes resiste, sugando tudo o que se encontra em seu redor que desaparece no seu interior tornando-se invisível, daí o nome de buraco negro.

O que a astronomia não previu é que se pudesse encontrar buracos negros nos planetas, nomeadamente no planeta Terra.

Estou em condições de garantir: existe um enorme buraco negro no extremo ocidental da Península Ibérica devidamente identificado, a que foi dado o nome de BPN. Esta sigla que antes significava Banco Português de Negócios deverá a bem da verdade chamar-se BNP – Buraco Negro Português.

Consta que já sugou para o seu interior mais de 5,2 mil milhões de euros do erário público, o que significa que este sorvedouro que nos fez desaparecer o saudoso subsídio de Natal de 2011 vai também engolir os subsídios de férias e de Natal dos reformados e dos funcionários públicos e muito, muito mais, sem dúvida. Não estamos a falar de trocos, estamos a falar no equivalente a 3,2% do Produto Interno Bruto português de 2012. Será que o ministro Victor Gaspar que governa de folha Excel em riste já reparou que o que já foi gasto com o BPN permitiria que o défice público deste ano, (a acreditar nos números avançados pelo Governo), ficasse em 1,3%, ou seja muito abaixo dos 3% exigidos pela Comissão Europeia!?


Se estes números forem verdade não tardaremos a ver o nariz do primeiro-ministro Passos Coelho crescer e estaremos perante uma nova edição do Pinóquio, porque então todos os sacrifícios que nos estão a exigir não são para cumprir a troika, são sim para cumprir a fraude do BPN.

Quando vão dizer ao contribuinte para quê e para quem vai todo esse dinheiro, aos bolsos de quem vai parar?

Quanto aos presumíveis responsáveis, companheiros de partido do Governo e amigos do sr. Presidente da República passeiam-se tranquilamente pela cidade sem perigo de serem julgados.

Perante tanto escândalo, o vulgar ladrão por esticão não passa afinal de um aprendiz de feiticeiro.

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