Pedro Lomba decidiu fazer prova de vida e afirmou que «o Governo tenta continuar e desenvolver o espírito do 25 de Abril original».
O que entenderá o secretário Lomba por «espírito do 25 de Abril»? E por espírito do 25 de Abril «original»? Sabendo-se que o senhor não existia ou andava de cueiros quando ocorreu o caso, depreende-se com razoável probabilidade de que lado do 25 de Abril o sr. Lomba efectivamente está: o dos mesmos que, em pleno processo revolucionário, reclamavam contra «os exageros» – à falta de coragem para se oporem às medidas revolucionárias –, argumentando depois que «o espírito» do 25 de Abril «estava desvirtuado» e, finalmente, que a Revolução em curso era contra o tal «25 de Abril original», apesar de o Programa das Forças Armadas ser claríssimo na sua matriz de 10 Pontos Programáticos, que foram sendo paulatinamente cumpridos ao longo do processo revolucionário.
Na verdade, o que havia de «original» nestes «25 de Abril» de pacotilha era o fascismo, literalmente dito, que os protestadores tremebundavam ao vê-lo derrubado.
É esta a «originalidade» que o Lomba convoca 40 anos depois, continuando a fugir a sete pés de chamar os bois pelos nomes.
Mas este secretário adjunto, do também adjunto ministro Maduro (por assim dizer, vão-se adjuntando uns aos outros) não constitui novidade na procelosa equipa Passos/Portas. O núcleo duro desta ranchada mergulha raízes na burguesia salazarista e nos valores coloniais, herdando as dores revanchistas dos seus mais velhos e pondo-as «a pagamento» no «Portugal novo» e «com outro paradigma» com que o Governo de Passos Coelho tem vindo selvaticamente a apunhalar o País, acobertado pelas auto-assumidas «exigências da troika».
O Governo de Passos Coelho é um gigantesco embuste de que a História há-de dar conta.
Ele e a sua tropa fandanga assumiram o poder na confluência dramática da expulsão de Sócrates pelo eleitorado, farto que estava da sua política de ataque aos trabalhadores da Função Pública e aos sistemas fulcrais das funções sociais do Estado, em regime democrático – Saúde, Ensino e Segurança Social. Afinal, os fundamentos dos ataques actuais. Passos subiu ao poder montado numa esquelética vitória e sufragado por um conjunto de promessas que não tinha a mínima intenção de cumprir.
Os despautérios e as puras imbecilidades têm abundantemente surgido no «acto governativo» desta gente, desde o primeiro-ministro ao seu «vice» e passando pelo resto da banda. O Lomba, após vários actos hilariantes (osbriefings que eram diários e se sumiram vertiginosamente por entre os seus próprios dedos), arriscou dar uma de ideólogo e decretou que o Governo está a continuar e a desenvolver o «espírito do 25 de Abril original».
O País já sabia. Significa fascismo. E a descoberta do Lomba pode dar-lhe uma Lombada.
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