terça-feira, 8 de abril de 2014

Riscos de uma campanha eleitoral falhada

Por Otávio Teixeira, no sítio resistir.info
É visível que entrámos já na campanha eleitoral para o parlamento europeu. Mas, pelo que "vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar", parece que nessa campanha não haverá espaço para discussão do problema central que é a saída do Euro ou, pelo menos, que nenhuma força política defenderá a saída da zona Euro. É uma situação para mim incompreensível, designadamente no que respeita aos partidos de esquerda. Quer pelos efeitos nefastos que a adesão ao Euro gerou, e a permanência no Euro continuará a gerar, sobre a economia e sobre a sociedade, em particular sobre os trabalhadores. Quer pelo que o Euro significou, e continuará a significar, nas perspectivas da divisão internacional do trabalho no âmbito da zona Euro e do aprofundamento do neoliberalismo. O Euro tem enormes efeitos nefastos sobre a economia portuguesa:>a) degrada as nossas capacidades de exportação nos sectores em que a procura é mais sensível ao preço e aumenta a pressão sobre as empresas no mercado interno devido à baixa do preço em Euros dos produtos importados de países exteriores à zona Euro, com consequências pesadas para as PMEs, reduzindo as suas capacidades de investimento e consequente competitividade futura e obrigando-as a endividarem-se acrescidamente;   b) acentua a desindustrialização do país, o agravamento dos défices externos, o endividamento externo das empresas e do Estado, a recessão ou prática estagnação do crescimento;   c) impede o financiamento da dívida pública com recurso ao Banco Central, obrigando o Estado a financiar-se exclusivamente nos mercados financeiros e a reduzir a despesa pública (veja-se o tratado orçamental) com a consequente pressão em baixa sobre a procura agregada. Em resultado destes efeitos, o Euro impõe a redução das remunerações e das pensões de reforma, com efeitos negativos sobre a redistribuição do rendimento, a prestação de serviços públicos e o emprego.

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