É visível que entrámos já na
campanha eleitoral para o parlamento europeu. Mas, pelo que "vemos,
ouvimos e lemos, não podemos ignorar", parece que nessa campanha não
haverá espaço para discussão do problema central que é a saída do Euro ou, pelo
menos, que nenhuma força política defenderá a saída da zona Euro. É uma
situação para mim incompreensível, designadamente no que respeita aos partidos
de esquerda. Quer pelos efeitos nefastos que a adesão ao Euro gerou, e a
permanência no Euro continuará a gerar, sobre a economia e sobre a sociedade,
em particular sobre os trabalhadores. Quer pelo que o Euro significou, e
continuará a significar, nas perspectivas da divisão internacional do trabalho
no âmbito da zona Euro e do aprofundamento do neoliberalismo. O Euro tem
enormes efeitos nefastos sobre a economia portuguesa:>a) degrada as nossas capacidades de
exportação nos sectores em que a procura é mais sensível ao preço e aumenta a
pressão sobre as empresas no mercado interno devido à baixa do preço em Euros
dos produtos importados de países exteriores à zona Euro, com consequências
pesadas para as PMEs, reduzindo as suas capacidades de investimento e
consequente competitividade futura e obrigando-as a endividarem-se
acrescidamente; b) acentua a
desindustrialização do país, o agravamento dos défices externos, o
endividamento externo das empresas e do Estado, a recessão ou prática
estagnação do crescimento; c) impede o
financiamento da dívida pública com recurso ao Banco Central, obrigando o
Estado a financiar-se exclusivamente nos mercados financeiros e a reduzir a
despesa pública (veja-se o tratado orçamental) com a consequente pressão em
baixa sobre a procura agregada. Em resultado destes efeitos, o Euro impõe a
redução das remunerações e das pensões de reforma, com efeitos negativos sobre
a redistribuição do rendimento, a prestação de serviços públicos e o emprego.
lucidez e rigor ...
ResponderEliminarabraço