Poucos duvidariam à partida dos reais propósitos que se escondiam por detrás da agressão à Líbia. A cínica resolução das Nações Unidas de imposição de um mandato de exclusão do espaço aéreo a pretexto da defesa de civis foi apenas o ponto de partida para uma vasta operação de guerra dirigida contra um país soberano, suportada em seis meses de ininterruptos bombardeamentos, massacres e assassínio de milhares de civis inocentes que se dizia querer proteger.
As escassas dúvidas que ainda pudessem persistir nos confins das mentes mais ingénuas, Teresa de Sousa, cronista de serviço às ambições hegemónicas e aos recantos mais sórdidos da agenda monetarista e militarista da União Europeia, tratou de as desfazer. Deu a criatura conta, em prosa editada no final da passada semana, de uma irreprimível preocupação, não se sabe se por imprudente excesso de zelo ou se por impaciente inquietação, pelos atrasos que as principais potências imperialistas europeias revelavam perante a imensa oportunidade de negócio que a destruição massiva da Líbia prostrava a seus pés. Remoía-se a criatura perante o desperdício da «enorme experiência que a União Europeia tem de apoio à reconstrução civil» sentenciando em tom imperativo, perante tão enervantes atrasos, a urgência de a Europa «ter uma agenda e um plano» e «depressa.» Mesmo perante cidades esventradas e corpos desfeitos, um país lançado no caos e à beira de uma dramática situação humanitária, há sempre quem consiga ter no cheiro a petróleo ou no negócio da reconstrução aquela verdadeira razão, feita oportunidade, que os motivou para a guerra que declararam. Disso, e desses, já se sabia por experiência feita no Iraque, no Afeganistão ou nos Balcãs que assim era. Ainda que mais se fique a conhecer sobre aquelas criaturas que julgando escrever por pena sua, o que os outros já por elas escreveram, dão nestas horas mostras, para lá das aparências cultivadas, sobre o que são e ao que vêm. E sobretudo revelam uma dimensão humanitária medida em barris de petróleo em vez de unidades de sangue.
Bom texto!
ResponderEliminarUm abraço.