As chocantes declarações da directora-geral do FMI ao
"Guardian" revelam bem que género de gente preside hoje aos nossos destinos e a
quem governos como o português ou o grego subservientemente se vergam. Por
momentos, Lagarde deixou cair o idioleto técnico com que ela, Durão Barroso e a
"fürehrin" Merkel, mais os seus feitores locais, justificam o empobrecimento
forçado dos povos e mostrou o rosto selvagem do neoliberalismo dominante,
assente no direito do mais forte à liberdade.
Perguntada se não lhe custava impor ao povo grego, sobretudo aos mais pobres,
medidas de austeridade que cortam em serviços fundamentais como a saúde, a
assistência social ou o apoio a idosos, a directora-geral não podia ser mais
clara (nem mais cínica): "Penso mais nas crianças que andam na escola, numa
pequena aldeia do Níger, que apenas têm duas horas de aulas por dia e partilham
uma cadeira por três...".
E que tem Lagarde a dizer àqueles que, na Grécia, todos os dias lutam hoje
pela sobrevivência, sem emprego e sem serviços públicos? Que se ajudem a si
próprios "pagando os seus impostos". Mas as crianças, senhora? "Bem, os pais são
responsáveis, não? Por isso os pais que paguem os seus impostos".
Maria Antonieta não o teria dito melhor. Só que os "sans cullotes" de hoje
persistem em crer que ainda vivem em democracia (se calhar até em democracia
económica).
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