O Governo tornou-se um espectáculo de «robertos» e ei-los, mimosos títeres eleitorais, a debitar exibições na ilusão dos aplausos. O ministro da Economia, Pires de Lima, apresentado como pessoa sensata e cordial, pôs-se com jogos florais sobre as décimas que sobem e descem na afundada economia portuguesa e que, no seu fino faro de empresário cervejeiro, garantem um progresso de alto coturno, enquanto Paulo Portas, que mimetizou a pose de Estado em estado de pose, anda por aí invariavelmente a rir sem ninguém perceber porquê. No meio disto o ministro da Saúde, o tal comprado a peso de ouro como mago do fisco, propõe-se, por entre o barulho das luzes, impor a censura aos profissionais de Saúde para esconder a destruição em curso do SNS, rematando o chanceler Passos com conselhos de ministros extraordinários em plena campanha eleitoral para documentar o «caminho do crescimento» que aí vem, ignorando, olimpicamente, o que a sua política aqui pôs: (mais) 400 mil desempregados, 37 mil milhões de euros roubados aos trabalhadores e pensionistas com a maior carga fiscal da história democrática do País e de toda a União Europeia.
A estes bonifrates, nem o público infantil os atura.
Vem a propósito recordar o que disse há dias, em entrevista ao Público, Philippe Legrain, conselheiro económico de Durão Barroso entre 2011 e Fevereiro passado.
Em Portugal, «o principal problema era a banca privada», disse. «Antes da crise, a dívida pública era sensivelmente a mesma que na Alemanha – 67/68% do PIB –, mas o grande problema, que não foi de todo resolvido, era a dívida privada, que estava acima dos 200% do PIB».
E continuou: «O que começou por ser uma crise bancária que deveria ter unido a Europa nos esforços para limitar os bancos, acabou por se transformar numa crise da dívida que dividiu a Europa entre países credores e países devedores», sendo que «as instituições europeias funcionaram como instrumentos para os credores imporem a sua vontade aos devedores».
Em Portugal, «a troika desempenhou um papel quase colonial, imperial, e sem qualquer controlo democrático, não agiu no interesse europeu mas, de facto, no interesse dos credores de Portugal. E pior que tudo, impondo as políticas erradas», rematando que«Portugal está mais endividado do que antes (...) está mesmo em pior estado do que estava no início do programa».
A «liberdade de Imprensa» dos donos da comunicação assegurou-se, pois claro, de que a entrevista não saltasse das páginas do Público.
Todavia, nada disto é novidade: o PCP denunciou-o desde os primórdios do «resgate», perante o escândalo da troika interna – PS, PSD e CDS.
Agora, o PS de Seguro finge descolar da troika, mas nem se compromete a repor os cortes de salários que ele próprio também mandou para o TC, por flagrante inconstitucionalidade.
Enfim, é tudo a mesma cambada de robertos. Mas no próximo domingo vão ser duramente expostos à indignação popular, nas urnas.
Dia 25 lá estaremos
ResponderEliminarcontra a indiferença
e os desesperados