quinta-feira, 11 de abril de 2013

De quem é a culpa?

Por Aurélio Santos, no Jornal «Avante!»

Passos Coelho, o seu Governo e os partidos da direita que lhe estão na origem apesar de se arrogarem de democratas, deixaram mais uma vez bem claro que não suportam a democracia e não conseguem conviver com o normal funcionamento das instituições.
O discurso do primeiro-ministro, na linha das afirmações anteriormente feitas pela porta voz do PSD, sobre a decisão do Tribunal Constituicional, além de demagógico é de uma inqualificável insolência, muito ao estilo de criança birrenta que não suporta ser contrariada.
Em tom dramático e inflamado veio o sr. primeiro-ministro apontar o dedo acusador ao Tribunal Constitucional (agora transformado no bode expiatório dos desastrosos falhanços da política do Governo) por este não lhe permitir, pasme-se, governar à margem da Constituição.
Quando os números ficam a quilómetros das metas por ele estabelecidas, a culpa não é do Governo, é dos números.
Se a realidade contraria o seu discurso a culpa também não é, naturalmente do Governo, mas obviamente dessa mesma realidade que tenta contrariá-lo.
Agora não é o Governo que tenta governar desrespeitando a lei, é a lei que não o deixa governar.
Em suma, para este Governo o mundo é que está sempre todo errado, e contra ele, porque ele está infalivelmente sempre certo.
E para completar este triste cenário temos na Presidência da República um senhor que parece ter esquecido as suas funções e obrigações como Presidente e opta por agir como dirigente do partido do Governo. Ao ser posto perante o dilema – salvar o País demitindo o Governo, ou salvar o governo destruindo o País – escolhe salvar o Governo, levando mesmo ao colo o ministro das Finanças.
Tudo isto acontece porque nós deixamos, porque permitimos, porque aceitamos. É tempo de não permitirmos, de não aceitar. É tempo de correr com este Governo que nos desgoverna.

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