quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Hasta Siempre…

Por Ângelo Alves, no jornal «Avante!»

A notícia chegou de manhã cedo. Tinha acabado de morrer «um dos nossos», um gigante da História que simultaneamente sempre sentimos tão próximo, tão «nosso». Partia um dos maiores revolucionários da História do Século XX cuja luta e vida inspirou e continuará a inspirar sucessivas gerações de lutadores pela liberdade, a justiça, o progresso, a paz e o socialismo.
Partiu o camarada Fidel, líder histórico da revolução cubana, notável estadista, um combatente de armas e das ideias, um comunista que aliava à coragem, determinação e firmeza das ideias e da acção revolucionária, um arrebatador humanismo, uma extrema sensibilidade, uma criatividade sem fronteiras, que não as dos princípios e da justiça, e um amor ao seu povo e à sua pátria cujo limite foi, sempre, a sua própria vida.
Partiu numa data muito especial. 60 anos antes, em 25 de Novembro de 1956, Fidel embarcava juntamente com outros 82 revolucionários do Movimento 26 de Julho1 – entre os quais Che Guevara, Raúl Castro e Camilo Cienfuegos – no Iate Granma, rumo a Cuba. Partiam do México, onde se tinham exilado na sequência da violenta repressão que se seguiu ao ataque ao Quartel de Moncada, para uma semana depois desembarcarem em Cuba e darem início à heróica luta armada a partir da Sierra Maestra que conduziria, em 31 de Dezembro de 1958, à tomada de Havana, à Revolução e à libertação do povo cubano de uma das mais ferozes e corruptas ditaduras da América Latina e da submissão aos EUA.

O percurso de Fidel confunde-se com a História da construção da pátria cubana livre e independente. Dando seguimento aos ideais libertadores de Martí que tanto o inspiraram, Fidel e muitos outros revolucionários construíram aquela que foi e é a sua maior obra: a Revolução e a pátria cubana independente, com um povo soberano, ciente do seu papel histórico na transformação revolucionária da sociedade.

Em pouco mais de meio século o povo cubano, a sua Revolução socialista, o Partido Comunista e Fidel transformaram uma ilha decadente, gigante casino e bordel ao serviço das elites corruptas dos EUA, num símbolo mundial de resistência, de esperança e de dignidade. Um País construído pelo seu povo de acordo com a sua vontade colectiva.
O analfabetismo, a pobreza e o subdesenvolvimento deram lugar a um País que, apesar de não isento de problemas e sujeito a um criminoso bloqueio tão antigo quanto a revolução socialista, é hoje o 44.º país do Mundo com maior índice de desenvolvimento humano, onde não existe analfabetismo nem trabalho infantil, onde a mortalidade infantil e o desemprego são residuais, com sistemas de educação e saúde dos mais desenvolvidos e eficientes do Mundo. 


Cuba inspirou e inspira revolucionários de todo o Mundo a prosseguir com confiança a luta pelo socialismo, ensinando-nos simultaneamente que não existem modelos de Revolução, e que os maiores críticos dos processos revolucionários são os próprios revolucionários que as protagonizam, como foi Fidel.
Fidel partiu, mas a sua obra, a sua incansável e apaixonada luta, permanece na realidade do povo cubano e no legado que deixa a toda Humanidade. Nestes dias o Mundo da liberdade, da justiça, do progresso e da paz curva-se com respeito, admiração e confiança perante o percurso do homem que se tornou um ícone por força dos ideais e projecto por que lutou até ao fim da sua vida. O resto, é insolência e ódio que não cabe nestas linhas.
Ao povo e aos camaradas cubanos, um abraço solidário! Viva Fidel, Viva Cuba Socialista. Hasta SiempreComandante! Venceremos!
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1 O movimento revolucionário clandestino que protagonizou o ataque ao Quartel de Moncada em 26 de Julho de 1953 contra a ditadura de Fulgêncio Batista e que se dissolveria em 1961 no quadro do processo político que viria a conduzir à criação do Partido Comunista de Cuba em 1965.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O desnorte

Por Henrique Custódio, no jornal «Avante!»

Há dias, Maria Luís Albuquerque tremelicava êxtases a anunciar que as «previsões do Governo» para o OE de 2017 «iam falhar», argumentando com nuns quadros que o PSD «tinha exigido», que só apareceriam «perto da meia-noite» e permitiriam à feliz deputada «prever» que as previsões governamentais iam falhar («prever previsões» só mesmo esta gente).
A originalidade desta geringonça fornecida por Maria Luís está no simbolismo: traduz o único projecto que move o PSD e o CDS – o de procurarem minar, a todo o custo, qualquer actividade governativa, sem preocupações pelas consequências para o povo e o País.
A novela em que se tornou a questão da Caixa Geral de Depósitos é disto uma evidência.
Em rigor, o PSD concorda com o Governo PS no pagamento milionário ao presidente da CGD, como uma longa prática governativa o atesta, com relevo para o executivo de Passos Coelho. O que o PSD de Passos pretende é desestabilizar o mais possível a situação da Caixa, impedindo a sua recapitalização e, se possível, a sua própria existência como banco público. Por trás da agremiação laranja pululam, como sempre, vastos e clandestinos interesses, onde a privatização do banco público tem lugar de destaque (aliás, em tempos aflorada por Passos Coelho).
PSD e CDS aproveitam qualquer incidente para desencadearem campanhas difamatórias, sem pudor nem escrúpulos e visando, sempre, o único objectivo que perseguem: o de criar obstáculos e problemas ao Governo.
O caso das demissões de dois assessores, apanhados a ostentar indevidamente licenciaturas que não possuíam, ilustra também esta sanha, com ambos os partidos de direita a rasgar as vestes de virgens ofendidas e ignorando o «escândalo Relvas» do seu rosário governativo, esse sim, um verdadeiro escândalo a arrastar-se durante meses e meses e a ficar na memória do País como o paradigma da desvergonha e do descaramento, bastando citar o «caso Relvas» para toda a gente saber do escândalo que ele representa.
E o argumentário que usam? Aí, a bambochata toma o freio nos dentes e galopa num desatino. Ora apontam o dedo aos aumentos modestos dados aos reformados, ora acusam de nada ter sido aumentado para, finalmente, considerarem os cortes nas pensões (que eles fizeram) mais agravados do que estavam. Uns dias (ou no mesmo discurso) acham que «o PS está refém dos aliados», enquanto o PCP é acusado de «estar a ceder» nos seus princípios, ora criticam a actual política governativa de estar a «levar Portugal para o desastre», ora acusam o «governo das esquerdas» de não estar a «cumprir o prometido».

O discurso é errático e sem preocupações de sustentação e a sanha em dizer mal é tão obsessiva, que denuncia um facto de relevo, na direita portuguesa: nela, o desnorte é flagrante.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

UGT disposta a aceitar aumento do SMN...menor que a proposta do Governo

« http://www.abrilabril.pt/»


A proposta da UGT é de 565 euros, mas já se mostrou disponível para cedências. Até demostrou estar disponível, imagine-se, para aceitar um valor para 2017 inferior ao sugerido pelo Governo.

Ler aqui.

sábado, 29 de outubro de 2016

Sendo sábado temos música (240)



Eu tinha as chaves da vida e não abri
As portas onde morava a felicidade
Eu tinha as chaves da vida e não vivi
A minha vida foi toda uma saudade
E tanta ilusão que tive e foi perdida
E tanta esperança no amor foi destroçada
Não sei porque porque me queixo desta vida
Se não quero outra vida para nada

Se foi para isto que nasci
Se foi para isto que hoje sou
Se foi só isto que mereci
Não vou, não vou
Podem passar bocas pedindo
Olhos em fogo tudo acabou
Pode passar o amor mais lindo
Não vou, não vou

Eu tinha as chaves da vida e fui roubada
Mataram dentro de mim toda a poesia
Deixaram só tristeza sem mais nada
E a fonte dos meus olhos que eu não queria

Letra: Júlio de Sousa
Música: Moniz Pereira

Bom fim-de-semana e boa música.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

20.ª Mostra de Teatro de Almada

No ano em que celebra o 20.º aniversário, a Mostra define um programa que contempla espetáculos de mais de duas dezenas de grupos de teatro de Almada, que levarão aos palcos textos originais e inéditos da dramaturgia contemporânea de autores e encenadores locais e outros inspirados em Gil Vicente, José Régio, Václav Havel, Lewis Caroll ou William Shakespeare, entre outros.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Da ruptura dos Media com o mundo do Trabalho

O caso remete-nos para o problema da ruptura dos Media com o mundo do Trabalho e a vida sindical, muito importante na batalha ideológica da qual os meios de comunicação social são um instrumento decisivo.


Artigo de Alfredo Maia para ler Aqui.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Retrocesso

Por Vasco Cardoso, no jornal «Avante!»

Se os recentes e trágicos acontecimentos relacionados com a morte de um paciente por falta de assistência aos casos relacionados com acidentes vasculares cerebrais nos hospitais da zona de Lisboa nos dão conta do quão longe foi o processo de destruição do SNS, eles convocam-nos também para uma verificação mais larga da dimensão do profundo retrocesso para onde o nosso país foi conduzido nestes anos. Bem podem ser gastas horas de noticiários a dissecar pormenores sobre este caso, como se de algo isolado se tratasse, que a dimensão destes acontecimentos não conseguirá apagar o gesto criminoso das medidas sucessivamente tomadas.
Em quase tudo aquilo que diz respeito à vida da esmagadora maioria da população, o País andou para trás! E não podia ter sido de outra maneira, tendo em conta a receita que foi aplicada ao longo de décadas de política de direita. Uma receita cuja dose foi reforçada nos últimos anos durante o período dos PEC e do Pacto de Agressão e que levou a que, em nome do défice, da estabilidade do sistema financeiro, dos compromissos internacionais e de um sem número de outras coisas impingidas como dogmas, se tivesse ido tão longe no roubo de direitos, rendimentos e da própria dignidade do ser humano.

No seguimento das eleições de 4 Outubro e na continuidade das lutas travadas nos últimos anos, o povo português deu um passo, modesto, mas importante, para interromper este rumo. Mas tal como temos sublinhado, por si só, nem o Governo PS, nem o seu programa, asseguram a recuperação de direitos e muito menos a inversão do actual rumo. Apesar de algumas medidas positivas já aprovadas e de outras – cujos compromissos assumidos esperamos que sejam concretizados – situações como aquela que se verificou recentemente com o BANIF tornam evidente que, sem a ruptura com a política de direita, sem a derrota do poder dos monopólios, as expectativas que o povo português detém, serão defraudadas. Para os trabalhadores, para o povo português, o ano que agora se inicia transporta consigo exigências que, no plano da luta de massas, não são menores. Em 2016, a luta pela defesa, reposição e conquista de novos direitos, reivindicando junto do Governo e da Assembleia da República uma política alternativa, será uma exigência à qual os trabalhadores e o povo português não podem nem vão faltar