quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

José Afonso, no fecho de 2015.



Velha da terra morena
Pensa que e já lua cheia
Vela que a onda condena
Feita em pedaços na areia
Saia rota
Subindo a estrada
Inda a noite
Rompendo vem
A mulher
Pega na braçada
De erva fresca
Supremo bem
Canta a rola
Numa ramada
Pela estrada
Vai a mulher
Meu senhor
Nesta caminhada
Nem m'alembra
Do amanhecer
Há quem viva
Sem dar por nada
Há quem morra
Sem tal saber
Velha ardida
Velha queimada
Vende a fruta
Se queres comer

A noitinha
A mulher alcança
Quem lhe compra
Do seu manjar
Para dar
A cabrinha mansa
Erva fresca
Da cor do mar
Na calçada
Uma mancha negra
Cobriu tudo
E ali ficou
Anda, velha
Da saia preta
Flor que ao vento
No chao tombou
No Inverno
Terás fartura
Da erva fora
Supremo bem
Canta rola
Tua amargura
Manha moça
.. nunca mais vem

Para que a luta tenha sentido e a esperança valor, aqui fica no último dia de 2015 esta bela cantiga do Zeca!
Feliz Ano Novo!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

O "entertainer"

Por Rui Sá, no jornal «JN»

Basta fazer uma viagem pelas redes sociais para ver a forma como as mesmas abordam a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República. As gentes de esquerda recordam o seu passado. E falam da carta que escreveu ao seu padrinho Marcello Caetano, onde, ao mesmo tempo que parece desculpar-se pelo acompanhamento do Congresso da Oposição Democrática de Aveiro, "bufa" as atividades desenvolvidas, particularmente pelo "PC" e elogia o presidente do Conselho por um discurso que este fez e que, diz Marcelo, "caiu muito bem em vários setores da opinião pública", dado que teve o mérito de se "antecipar ao rescaldo de Aveiro e às futuras manobras pré-eleitorais" (falando da fantochada eleitoral de 1973 promovida pela ditadura!). Numa altura em que Marcelo já não era um imberbe, mas sim um adulto. Licenciado, casado e com 25 anos de vida.
Outros recordam um passado mais recente. Daquele que foi quase fundador do PPD, membro de várias das suas direções, deputado, autarca e mesmo presidente do partido entre 1996 e 1999. Apoiante de relevo da candidatura de Cavaco Silva a presidente da República e por este premiado/nomeado como membro do Conselho de Estado.
Outros ainda colocam em causa o seu caráter, dizendo que, oportunisticamente, procura passar uma esponja sobre o seu passado e percurso, de forma a penetrar no eleitorado da Esquerda - dado que, nas legislativas de há apenas dois meses, a Direita (ou seja, os partidos que lhe declararam o apoio - o PSD e o CDS) apenas recolheram 37% dos votos, o que manifestamente é insuficiente para a sua eleição. Comparando esta atitude com aquela que Cavaco teve em 1995, quando quis tanto que os eleitores esquecessem que ele era o antigo primeiro-ministro em queda, que até se negou a que a sua fotografia e o seu nome surgissem no apoio ao seu sucessor e fiel amigo Fernando Nogueira.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Um domingo que pode ser de músicas



Ò LAURINDA, LINDA, LINDA
ÉS MAIS LINDA DO QUE O SOL
DEIXA-ME DORMIR UMA NOITE
NAS DOBRAS DO TEU LENÇOL

SIM, SIM, CAVALHEIRO, SIM
HOJE SIM AMANHÃ NÃO,
MEU MARIDO NÃO ESTÁ CÁ
FOI P´RÁ FEIRA DE GRAVÃO.

ONZE HORAS, MEIA NOITE,
MARIDO À PORTA BATEU, 
BATEU UMA, BATEU DUAS,
LAURINDA NÃO RESPONDEU.

(E) OU ELA ESTÁ DOENTINHA,
OU JÁ TEM OUTRO AMORE
OU ENTÃO PRECURA A CHAVE
LÁ NO MEIO DO CORREDOR.

DE QUEM É ESTE CHAPÉU
DEBRUADO A GALÃO?
- É PARA TI, MEU MARIDO,
QUE FIZ EU POR MINHA MÃO.

- DE QUEM É ESTE CASACO,
QUE EU ALI VEJO PENDURADO?
- É PARA TI, MEU MARIDO,
QUE O TRAZES BEM GANHADO.

- DE QUEM É ESTE CAVALO,
QUE NA MINHA ESQUADRA ENTROU?
- É PARA TI, MEU MARIDO,
FOI TEU PAI QUEM TO MANDOU.

- DE QUEM É AQUELE SUSPIRO
QUE AO MEU LITO SE ATIROU?
LAURINDA, QUE AQUILO NÃO OUVIU,
CAIU NO CHÃO, DESMAIOU.

- Ò LAURINDA, LINDA, LINDA,
NÃO VALE A PENA DESMAIARES,
TODO O AMOR QUE T´EU TINHA
VAI-SE AGORA ACABAR.

VAI BUSCAR AS TUAS IRMÃS,
TRAZ A TODAS NUM ANDORO
(E) A MAIS LINDA DELAS TODAS
HÁ-DE SER O MEU AMOR.


Um resto de bom fim-de-semana!

domingo, 15 de novembro de 2015

Votar até ganhar?

Por Carvalho da Silva no jornal «JN»

Quem imaginaria Portugal, neste final de 2015, numa situação política com a Direita acicatando a luta de classes, utilizando o terrorismo verbal, desenvolvendo um fortíssimo ataque ao regime democrático-constitucional e instabilizando a sociedade?
As eleições de 4 de outubro foram, sem dúvida, de enorme importância e alcance. Podemos orgulhar-nos como povo: quando o bloqueio e a subjugação eram apresentados como inevitáveis para o nosso futuro próximo, com enorme serenidade e consciência, os portugueses usaram a arma do voto e abriram portas para novos caminhos. A Direita não lhes perdoa. Para a Direita, o povo, que tinha sido por eles convocado a sofrer por ter cometido o pecado de "viver acima das suas possibilidades", deve agora ser obrigado a votar tantas vezes quantas as necessárias - tenha isso os custos que tiver - para corrigir o "erro" de não lhes ter dado a maioria absoluta.
Os portugueses têm naturais receios de novas doses de austeridade, sabem que os tempos que vivemos exigem rigor e honestidade (valores que os poderosos espezinham todos os dias), mas não abdicam de sonhar e buscar caminhos de futuro. A resistência dos últimos anos não foi em vão e propiciou muitos ensinamentos, felizmente interpretados com grande sentido de responsabilidade e coragem pelos partidos políticos à Esquerda, perante os resultados eleitorais obtidos. Como vai projetar-se no futuro este facto não sabemos, mas o início da caminhada é bom.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Capas de jornais (85)


O XX Governo, aquele que fez mais desempregados e pobres que obrigou à emigração em massa que criou mais fome infantil que criou mais despejos que passou a dívida de 70% para 130% do PIB, que destruiu o Estado Social , mais precariedade no emprego e que mais marginalizou os idosos entre outras maldades; CAIU ontem na Assembleia da República, com uma moção de rejeição aprovada pela maioria dos deputados de esquerda com  assento no Parlamento.

O Povo exigiu, lutou e conseguiu!




sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Estabilidade

Por Manuel Gouveia, no jornal «Avante!»

O povo precisa de estabilidade. Aqueles que estão com contratos precários precisam de vínculos de trabalho estáveis. Aqueles que estão desempregados precisam de emprego. Aqueles que têm baixos salários precisam de salários mais altos. Os funcionários públicos e os trabalhadores do sector empresarial do Estado precisam que parem de roubar-lhes os salários. Aqueles casais sem possibilidade de colocar os filhos nos infantários ou incapazes de suportarem os custos com a educação «gratuita» precisam de garantias de acesso universal. Aqueles que devem três, quatro ou mais meses de renda aos bancos ou aos senhorios, e se vêem ameaçados com o seu despejo e dos seus, precisam da segurança de uma habitação digna. Aqueles que adiam análises ou abandonam tratamentos de saúde que lhes são indispensáveis precisam da Segurança Social que hoje não têm.
O povo precisa, deseja, anseia por estabilidade. Mas não há volta a dar: a estabilidade na vida do povo implica a socialização da riqueza produzida, o que implica a socialização dos principais meios de produção e dos serviços públicos essenciais.
E uma maior estabilidade não pode ser alcançada sem fazer cair muitas cadeiras e cadeirões. Há toda uma classe de exploradores e uma camada de parasitas que têm que sentir o chão a fugir-lhes debaixo dos pés. Estabilizar a vida do povo português implica desestabilizar aqueles que hoje gastam a palavra estabilidade, e que dizem e repetem até à (nossa) exaustão que o «País precisa de estabilidade».
É que eles dizem «País» porque têm medo de dizer «classes dominantes», porque precisam de disfarçar que o que querem estabilizar é esse domínio e os decorrentes privilégios e regalias. Precisam de estabilidade, como um pastor precisa da estabilidade do seu rebanho para o poder tosquiar, sacar-lhe o leite, as crias, a carne e até os ossos.
Os burgueses sonham com um povo domesticado quando falam em estabilidade, sonham com um povo submetido à sua ditadura. A estabilidade deles representa a desestabilização e precarização da vida do povo português. É que os sonhos deles são os nossos pesadelos. E vice-versa!

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Metade das famílias portuguesas vive com menos de mil euros por mês,revela um estudo da DECO

De acordo com as conclusões de um inquérito da Associação para a Defesa dos Direitos do Consumidor sobre o orçamento familiar, as famílias com mais dificuldades em fazer face às despesas diárias são as que têm filhos menores, mesmo que ambos os cônjuges trabalhem.
"Metade destes agregados sobrevive com menos de mil euros por mês, não sendo difícil presumir que muitos dos elementos trabalhadores ganhem apenas o salário mínimo nacional (505 euros), ou até menos", conclui a DECO.
Fonte: «JN»

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Capas de jornais (84)




Trunfo assim (3 - 0 em casa do adversário), não se via há muitos anos. Viva o Spooooooorting!

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Cai a máscara

Por Anabela Fino, no jornal «Avante!»

A histeria colectiva que tomou conta da direita em Portugal face a um hipotético entendimento do PS com o PCP e o BE, com vista à formação de um governo com apoio maioritário no Parlamento, trouxe à superfície o anti-comunismo mais primário que se possa imaginar e fez estalar – nalguns casos com grande surpresa de muitos – o verniz democrático com que um certo número de figuras públicas andou disfarçado desde sempre.
Vemos, ouvimos e lemos e o resultado é sempre o mesmo: os que se consideram donos da opinião pública por terem assento à mesa dos donos da opinião publicada estão não só à beira de um ataque de nervos mas positivamente em pânico. Só falta mesmo pedirem a intervenção da NATO – como sucedeu noutras latitudes – para evitar a todo o custo a concretização do seu maior pesadelo, a saber, a formação de um governo que não tenha como prioridade servir o capital.
Até parece, embora seja altamente improvável, que alguns destes fazedores de opinião caíram na própria armadilha de iludir incautos e ficaram presos no labirinto da sua demagogia. De tanto clamarem que as eleições legislativas «são para primeiro-ministro» parecem ter esquecido que em Portugal o que de facto se elege são deputados à Assembleia da República, pelo que razão tem o PCP ao sublinhar repetidamente a utilidade de cada voto na CDU, pois com votos se elege deputados e com o número de deputados eleitos se determina a composição política do Parlamento. De tanto rotularem o PCP de «partido do protesto» sem vocação para o poder, parecem ter-se convencido que isso é uma verdade insofismável. De tanto decretarem que o «arco da governação» se esgota no trio PS/PSD/CDS, parecem ter dado como certo que a «democracia» em que se aconchegam não pode jamais contemplar outras possibilidades.

Confrontados com o facto de o País não ser como o pintam e com a mera possibilidade – mera possibilidade, sublinhe-se – de o PS finalmente aceitar contribuir para uma alternativa à alternância, a direita mostra a sua verdadeira face. Há muito que não se via por cá, de forma tão ostensiva, o cair de tanta máscara. Fossem elas de vidro e mandaria a prudência muita atenção onde se põe os pés.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Quo vadis, PS?

Por Rui Sá no «JN»
Estas eleições tiveram o mérito de destruir (será que foi de vez?) uma falsidade que inquinava o processo eleitoral democrático: o de que as eleições legislativas "elegiam" o primeiro-ministro.
De facto, e mesmo sem se saber como isto vai terminar, fica claro que nas legislativas se elegem deputados e estes, de acordo com os resultados, é que têm a responsabilidade de ratificar, ou não, o primeiro-ministro indigitado pelo presidente da República.
Perante este facto a Direita, mas também alguns do PS, insistem na mentira, na esperança de que, sendo esta repetida mil vezes, se transforme em verdade. Daí a invenção de que quem "fica à frente" deve governar, dando mais importância a esse facto do que à vontade democraticamente expressa, dado que a maioria dos eleitores optou por não caucionar maioritariamente os que "ficaram à frente". Não tardará muito e proporão, tal como acontece na Grécia, um bónus de mais uns quantos deputados àqueles que ficam em primeiro lugar, de forma a, artificialmente, garantirem maiorias absolutas quando o povo não as deseja atribuir (ao mesmo tempo que declaram, com pompa e circunstância, que "o povo tem sempre razão"...).

Democracia da NATO na Ucrânia e a arte da guerra

Por Manlio Dinucci no ODiario.info

Após o golpe da “Praça Maidan” a Ucrânia é um estado reduzido à categoria de protectorado, governado a partir dos EUA e dos seus lacaios regionais, onde os bandos neonazis são integrados na Guarda Nacional e o Partido Comunista é ilegalizado. Para a NATO, a Ucrânia de Poroshenko está a caminho de ser “um estado soberano e independente, firmemente empenhado na democracia e no direito”.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

NATO MOBILIZA-SE EM DEFESA DO ESTADO ISLÂMICO

Por José Goulão, no seu blogue Mundo Cão

A seita terrorista e sanguinária conhecida por “Estado Islâmico”, que também poderá designar-se Al-Qaida, Al-Nusra e Exército Livre da Síria – tiradas a limpo as consequências da existência deste – deixou de estar impune. Praticamente incólume desde que há um ano o todo-poderoso Pentágono anunciou que ia fazer-lhe guerra, bastaram-lhe agora uns dias sob fogo cerrado russo para entrar em pânico. Ou a aviação e a marinha da Rússia têm mais pontaria que as suas congéneres dos Estados Unidos da América e da NATO, o que é bastante improvável tendo em conta que não existem discrepâncias de fundo entre as tecnologias de ponta ao serviço destas potências, ou a diferença está simplesmente entre o que uns anunciam e os outros fazem. Diferença simples, mas de fundo, entre ser contra o terrorismo ou ser seu cúmplice.
De acordo com dados divulgados por fontes moscovitas, a Aviação e os mísseis de cruzeiro disparados de navios da Armada da Rússia destruíram já 112 alvos do Estado Islâmico instalados em território sírio ocupado, danos que incluem centros de comando, centrais de comunicação, bases de operações antiaéreas, além de estarem a provocar deserções em massa e um ambiente de pânico entre os terroristas. Propaganda de Moscovo, dirão muitos, mas sem razão. A desorientação entre os mercenários recrutados através do mundo e infiltrados na Síria a partir do Iraque, da Jordânia e, sobretudo, da Turquia está à vista de quem tem olhos para ver, principalmente os espiões atlantistas, bastando-lhe acompanhar a guerra em directo transmitida pelos satélites.
Esta realidade parece ser tão crua que, para surpresa de tantos que ainda acreditam em histórias da carochinha, induz os dirigentes norte-americanos, incluindo Obama himself, a esquecer-se das aparências e a deixar escapar uma sentida indignação com tanta eficácia russa, capaz de, numa simples semana, ter mais êxito que os seus exércitos num ano inteiro.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

4 DE OUTUBRO: ELEIÇÕES LEGISLATIVAS

O parlamento português tem sido dominado pelos interesses escusos do capital monopolista e financeiro. Quem os representa são os grandes escritórios de advogados que enxameiam a AR. De manhã eles estão nos seus escritórios e à tarde comparecem ao parlamento para fazer as leis que lhes convém. Tanto faz que sejam dos partidos gémeos PS e PSD ou do seu acólito CDS – neles não se pode confiar. Quanto ao BE está nas garras da UE, à qual jurou fidelidade. Não se pode esperar qualquer iniciativa do BE que liberte Portugal do Euro. A alternativa que resta com potencial libertador é o PCP. A abstenção, o voto em branco ou a anulação de voto não causam mossa ao sistema. O voto útil de resistência é no PCP.



Aqui, no Ponta Esquerda, assinamos por baixo.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

A conta, o peso e a medida

Por Jorge Cordeiro, no jornal «Avante!»

Sucedâneo das leituras inteligentes e das avaliações métricas sobre a dosagem usada na imposição ao povo e ao País do chamado «memorando de entendimento», a campanha eleitoral revelou agora no léxico do líder do PS uma nova formulação: a «conta, peso e medida». Sempre que se trata de esclarecer a verdadeira intenção quanto à reposição de quaisquer direitos ou rendimentos roubados nos últimos anos, aí vai atrelada à resposta, um qualquer «talvez», ou, ainda um «logo se vê», sempre acompanhada da preventiva asserção da devida conta. Feriados roubados? Quatro, mas talvez se reponham dois não se venha a ofender a omnipresente «devida conta». Extinção da sobretaxa? Lá para 2017, mas sempre no respeito pela «conta devida». Aumento das pensões? Coisa que a «devida conta» não autoriza, pelo que para já se congela o seu valor, mesmo que isso signifique mais uma perda real de seis por cento nos próximos quatro anos. Aumento do salário mínimo nacional? Logo se verá, mas sempre em sede de concertação social, logo na conta e na proporção dos interesses do grande patronato a que ficará condenado. Quanto ao resto, e o que se revelará decisivo, da renegociação da dívida à rejeição do Tratado Orçamental, da recuperação pelo Estado do controlo dos sectores estratégicos à reversão das privatizações, tudo permanecerá à medida dos interesses da União Europeia e do directório que a comanda, à medida dos interesses do capital monopolista.

Em bom rigor a formulação «conta, peso e medida» padece do rigor e alcance para a qual foi concebida. Diga-se que a verbalização ganharia em precisão e merecida compreensão se assumida na plenitude do seu conteúdo. Ou seja, que o que dali virá, embrulhado nas repetidas virtudes do tal cenário sabiamente elaborado, é o que previamente já se anuncia: tudo sempre feito «com conta» quando se trata de repor direitos e rendimentos, «à medida» dos interesses do grande capital e dos seus interesses, com o «peso» das privações e exploração que se conhece sobre os ombros dos trabalhadores e do povo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

A BATOTA DOS REGULADORES

Por José Goulão, no seu blogue Mundo Cão
 
Algumas das mais ilustres explicações sobre o que se vai passando nos nossos quotidianos, intra ou extra-fronteiras, são remetidas para “os reguladores”. Os reguladores são, por isso, uma espécie de juízes, árbitros, ou mesmo deuses que determinam se os mecanismos que fazem funcionar a sociedade são aplicados segundo os parâmetros não propriamente das leis mas sim dos equilíbrios que, segundo os reguladores, devem existir.
Há reguladores para tudo e depois, vai-se a ver, são tantos que pouco ou nada regulam e, quando o fazem, mais valia que estivessem quietos.
O Banco de Portugal, por exemplo, deixou de ser banco central e passou a “regulador”. Depois existem reguladores para a concorrência, a energia, a saúde, a comunicação social (valha-nos Deus!), a bolsa de valores, os combustíveis e o mais que descubram na vossa memória e pesquisem nas boas falas de analistas, colunistas, comentadores, moderadores e outros querubins do regime.
Reguladores há-os intra e extra-fronteiras, isto é, no aconchego de cada país e na grande metrópole europeia. Por isso os reguladores se multiplicam como cogumelos, tropeçando uns nos outros, remetendo competências de uns para os outros (quando a batata é supostamente quente) para, no fim das contas, nada regularem e tudo aceitarem.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

A realidade desmente os falantes do sucesso...


Hoje no «JN»

... Esta é a situação em que grande parte da população portuguesa está após anos e anos de políticas de direita a desgovernar o País.

Que  os portugueses tirem conclusões  sobre quem são os responsáveis pelos malefícios sociais , económicos e políticos impostos no País, e  nas próximas eleições digam com o seu voto BASTA!

sábado, 8 de agosto de 2015

Sendo sábado, temos música (239)



Nós havemos de nos ver os dois
Ver no que isto dá
Ficar um pouco mais a conversar
Ter a eternidade para nós
Quem sabe jantar
Se tu quiseres, pode ser hoje

Tem de acontecer, porque tem de ser
E o que tem de ser tem muita força
E sei que vai ser, porque tem de ser
Se é pra acontecer, pois que seja agora

Nós havemos ambos de encontrar
Um destino qualquer
Ou um banquinho bom para sentar
Vai ser tão bonito descobrir
Que no futuro só
Quem decide é a vontade

Tem de acontecer, porque tem de ser
E o que tem de ser tem muita força
E sei que vai ser, porque tem de ser
Se é pra acontecer, pois que seja agora

Tem de acontecer, porque tem de ser
E o que tem de ser tem muita força
E sei que vai ser, porque tem de ser
Se é pra acontecer, pois que seja agora

Que seja agora
Que seja agora
Se é pra acontecer
Pois que seja agora

Que seja agora
Que seja agora
Se é pra acontecer
Pois que seja agora

Que seja agora
Que seja agora
Se é pra acontecer
Pois que seja agora

Que seja agora
Que seja a hora
Se é pra acontecer
Pois que seja agora

Bom sábado, boas notícias e boa música.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Hiroxima e o Japão imperialista

Por Albano Nunes, no jornal «Avante!»


Há 70 anos o imperialismo norte-americano cometeu o maior crime de guerra que a História regista. O lançamento das bombas atómicas sobre Hiroxima e Nagasaki causando de imediato a morte de centenas de milhares de civis e deixando atrás de si um lastro de terríveis lesões e sofrimentos que ainda hoje perduram, é uma tragédia que jamais poderá ser esquecida, como esquecidos não podem ser os seus responsáveis. Foi um crime monstruoso que os EUA justificaram então e continuam a justificar hoje com o argumento de que assim obrigariam o Japão a render-se poupando um número incontável de vidas humanas. Trata-se de uma mentira sem nome. O Japão estava já praticamente derrotado. Terminada a II Guerra mundial na Europa o Exército Vermelho estava finalmente em condições, nos precisos termos do calendário acordado na Conferência de Ialta, de deslocar grande número de divisões para o teatro de guerra no Extremo Oriente e passar à ofensiva para esmagar o militarismo japonês.
Mas, por paradoxal que pareça, era isto precisamente o que os «aliados» imperialistas queriam evitar. Perante o imenso prestígio da URSS e o avanço das forças do progresso social, de libertação nacional e do socialismo – particularmente evidente na Ásia com as revoluções chinesa, vietnamita e coreana – os EUA passaram a afirmar sem escrúpulos a sua decisão de «conter o comunismo» por todos os meios, incluindo pela exibição do monopólio da arma atómica e a ameaça da sua utilização. Ainda a guerra não tinha acabado e já a principal potência imperialista desencadeava a «guerra-fria» no quadro da sua estratégia de confronto com o campo socialista e de domínio mundial. Foi a luta pelo progresso social e a paz e a conquista pela URSS da paridade militar estratégica que impediram o imperialismo de desencadear uma nova guerra de catastróficas dimensões.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

As aldrabices estatísticas de Passos Coelho

Por Eugénio Rosa no resistir.info

– Só no 1º sem./2015 o IEFP eliminou 338.093 desempregados dos ficheiros dos Centros de Emprego 
– Reduziu assim o registo do desemprego de 874.749 para 536.656

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Com ideias destas...

Por Anabela Fino, no jornal «Avante!»
Passos Coelho proferiu finalmente a frase que o imortalizará. Foi na segunda-feira, 13, após a maratona europeia de domingo que terminou com a transformação da Grécia numa colónia condenada à escravatura do século XXI para servir os interesses do grande capital financeiro e do directório de potências da União Europeia. «Por acaso a ideia foi minha», disse todo ufano, com isso querendo significar que lhe cabiam os louros da «solução» encontrada para manter a Grécia no euro. A coisa correu mais célere do que fogo em palheiro: palavras não eram ditas e já as redes sociais transbordavam de adaptações do dito, numa muita expressiva demonstração de que os portugueses não só não perderam o seu sentido de humor – negro que seja – como sabem bem a quem cabem as responsabilidades pelo estado a que o nosso País chegou.
O curioso desta história é o facto de Passos Coelho estar tão sôfrego de apresentar «sucessos» que nem se dá conta de que corre o risco de andar a apanhar lenha para se queimar. De outra forma, como explicar a pressa com que o primeiro-ministro veio gabar-se de ter contribuído para uma situação que todos, sem excepção, reconhecem ser uma brutalidade contra o povo grego? A não ser que esteja tão convencido – e não seria caso único – de que os portugueses são não só néscios como padecem de memória curta. É bem provável que seja este o caso, a avaliar pela entrevista que anteontem deu à SIC onde, entre outras pérolas, afirmou candidamente que só não cumpriu as promessas feitas na campanha eleitoral porque as contas do anterior governo estavam mal feitas. Passos Coelho «esqueceu-se» de um pormenor: no Outono de 2010, uma delegação do PSD, liderada por Eduardo Catroga, negociou com o governo de Sócrates a viabilização do Orçamento de Estado para 2011. Por acaso a ideia foi dele... E também se «esqueceu» das vezes em que, já governante, repetiu desejar «ir além da troika» e defendeu a ideia da necessidade de empobrecer. Outra que por acaso também foi dele.
Em português vernáculo muito haveria a dizer sobre as ideias de Coelho. Fiquemo-nos pelo elementar: com ideias destas, bem pode limpar as mãos à parede.

terça-feira, 14 de julho de 2015

A cruel maratona grega

Por Flavio Aguiar, na Rede Brasil Atual
Os termos que vêm aparecendo na mídia europeia, inclusive na conservadora, para avaliar a conclusão da extensa maratona que foi a reunião de 17 horas dos líderes da zona do euro, da noite de ontem (12) para esta manhã, falam por si mesmos: “crueldade”, “humilhação”, “fratura”, “imposição”, “tratamento impiedoso”, “brutal” e outros. Para quem acompanhou as negociações desde o começo, e sobretudo agora nesses momentos finais, o que ficou claro foi a arrogância de grande parte dos líderes da zona do euro, exigindo praticamente não só a capitulação de Atenas, de Tsipras, Varoufakis, Syriza e do povo grego, mas pretendendo impor a deposição do governo.
Ficou claro também que na União Europeia a democracia tem voo curto e nariz comprido. Não há lugar na UE ou na zona do euro para um governo de fato de esquerda, nem para algo parecido com soberania nacional, muito menos popular. Manda quem manda, e quem manda, em nome do capital financeiro, são os barões neoliberais da economia. Aos políticos, como a própria toda-poderosa (na aparência) Angela Merkel, cabe fazer a pantomima para os eleitores, fazendo de conta que esses decidem algo importante.
Nos momentos finais dessa corrida de obstáculos, François Hollande e Matteo Renzi ensaiaram um ar mais simpático aos gregos e a Tsipras. Aparentemente, com um único resultado prático: originalmente o Fundo de Capitalização oriundo das privatizações e cortes que virão deveria ficar em Luxemburgo, não em Atenas. Pelo acordo final, esta “concessão” foi feita: o fundo fica na capital grega, mas, de qualquer modo, será supervisionado, senão administrado, pela Troika (FMI, BCE, Comissão Europeia, ou seus representantes) para amortizar a dívida soberana, capitalizar o sistema financeiro e assemelhados.

sábado, 11 de julho de 2015

Sendo sábado , temos música (238)



Quando ela passa, franzina e cheia de graça,
Há sempre um ar de chalaça, no seu olhar feiticeiro.
Lá vai catita, cada dia mais bonita,
E o seu vestido, de chita, tem sempre um ar domingueiro.

Passa ligeira, alegre e namoradeira,
E a sorrir, p'rá rua inteira, vai semeando ilusões.
Quando ela passa, vai vender limões à praça,
E até lhe chamam, por graça, a Rosinha dos limões.

Quando ela passa, junto da minha janela,
Meus olhos vão atrás dela até ver, da rua, o fim.
Com ar gaiato, ela caminha apressada,
Rindo por tudo e por nada, e às vezes sorri p'ra mim…

Quando ela passa, apregoando os limões,
A sós, com os meus botões, no vão da minha janela
Fico pensando, que qualquer dia, por graça,
Vou comprar limões à praça e depois, caso com ela!

Bom sábado, boas notícias e boas músicas.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

UM PAÍS QUE ODEIA OS SEUS CIDADÃOS

Por José Goulão no seu blog  Mundo Cão.

Há um país que odeia os seus cidadãos. Outros haverá, mas fixemo-nos neste que dá pelo nome de Portugal, se gaba de ser muito antigo, muito cheio de história, saudoso de tempos imperiais e que, em cima destas glórias, maltrata os seus cidadãos.
Quando se escreve país não se faz alusão a uma entidade abstracta, mítica, mas sim aos seus dirigentes que, através de gerações e sob diferentes rótulos políticos, têm como traço de união o ódio aos seus concidadãos.
A acusação é grave, mas os comportamentos em causa são-no ainda mais. Tal ódio ressalta de estudos sociológicos apresentados tempos atrás de tempos e que, merecendo as reservas que exige a inexactidão inerente às ciências humanas, têm a credibilidade de corresponder ao que cada cidadão, se tiver os sentidos despertos para a realidade envolvente, vai captando dia após dia.
Dizem as investigações mais recentes, cujos resultados foram divulgados apenas há meia dúzia de horas, que Portugal é o país com maior taxa de emigração entre os 28 da União Europeia, o país que demonstra menos apetência por livros e outras coisas da cultura, o país onde 20 por cento da sua força de trabalho tem um vínculo precário – isto é, um estado paredes meias com o trabalho escravo.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

GRÉCIA

Perante a chantagem permanente feita ao povo grego por aqueles que se acham donos da UE para que votassem no sim e aceitassem sem "pestanejar" as suas propostas; fabricando sondagens com resultados de "empate técnico", convocando os seus caniches-bé-béus para morderem nas canelas dos gregos etc,etc,  Deram os gregos, uma prova ao mundo de que o medo, quando não há mais nada a perder não existe.
Democraticamente, os eleitores disseram através do voto maioritário no NÃO (61% NÃO- 39% SIM) que não querem mais políticas dos capitalista da UE e do FMI que os empurre para  mais desemprego, mais sofrimento e para mais miséria.

Hoje, é já um novo dia! Mas a luta vai ter que continuar.

É preciso reflectir sobre a União Europeia da «coesão e da solidariedade» e saber, se é desses valores que falamos quando olhamos para quem está na frente das suas decisões políticas,e de quem fabrica e assina os seus tratados.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Empate técnico

Por Filipe Diniz, no jornal «Avante!»

Não, este texto não é sobre a actual fase da estratégia das sondagens. Só aproveita a boleia.
Os documentos eleitorais até agora publicados pelo PS («Programa eleitoral») e PSD («Linhas de orientação geral para a elaboração do programa eleitoral») permitem constatar que continua a verificar-se um empate técnico entre os dois partidos que, com o CDS alternadamente atrelado, são os responsáveis pela política de direita no nosso País. Empate técnico na demagogia; na tentativa mútua de atribuir responsabilidades; na memória curta, que ambos esperam que os portugueses também tenham.
São textos de passa-culpas em alguns casos verdadeiramente surreais. O PS acusa o governo PSD/CDS de ter ido «muito além» do que era a agressão contra os trabalhadores e o povo contida no memorando da troika (que os três subscreveram). O PSD diz (p. 23) que «cumpriu sem falhas os compromissos que outros tinham assumido, o que condicionou largamente os rumos da governaçãoe não permitiu que concretizasse as suas ideias e projectos», ou seja, que PSD e CDS governaram segundo «as ideias e projectos» do PS o que, em geral, nem será completamente mentira.
Do mesmo modo que não diferem na desfaçatez. É de um lado o PS defendendo que não se esbanjem dinheiros públicos na «sistemática utilização de consultorias externas», é do outro o PSD defendendo um Estado de Direito «exclusivamente orientado pela defesa do interesse público», que «não transija com a corrupção e o compadrio». É o PSD defendendo «soluções que incrementem a participação cívica e a proximidade entre eleitores e eleitos», e é o PS defendendo «círculos uninominais, personalização dos mandatos e da responsabilização dos eleitos» «sem qualquer prejuízo do pluralismo».
Mais uma vez avança a engrenagem da falsa disputa entre PS e PSD/CDS. Mas se há coisa que o povo português deve comparar não é o que cada um deles agora promete. É o que cada um promete e o que fez quando esteve no governo, na longa e insuportável trajectória de quase quatro décadas de política de direita.

Não faltarão sondagens até às eleições. Até ao momento a única que é indesmentível é a da Marcha de 6 de Junho. É a única que sondou verdadeiramente a força do povo.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Capas de jornais ( 83 )

Se o "acordo" chegar resolve o quê?
Daqui a três meses em que ponto do problema se encontram os mesmos?
  Ou será que este... é o melhor caminho que os troikanos encontraram  para obrigar o povo grego a novas eleições pensando colocar  no governo da Grécia aqueles que sempre por lá estiveram?
A novela dos mercados,Syriza e a saída da Grécia da UE, vai continuar com seus comentadores oficiais  nas TVs, jornais e rádios, a fim de entreter os incautos, baralhar os confusos para no fim do jogo...,  ganhar a Alemanha por muitos a zero.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

A feira, e tal...

Por Henrique Custódio, no jornal «Avante!»
A moscambilha eleitoral já navega ao largo, vela impante e mar aberto. A última aportagem foi na Feira Nacional de Agricultura, em Santarém, onde jubilosamente se deslocaram o PS e o PAF (não o da conhecida onomatopeia do estalo, mas o «estalo» da coligação PSD/CDS), cirandando por lá, como mordomo dos visitantes e «o dono disto tudo» da Feira um senhor assíduo nos telejornais, João Machado de sua graça, presidente da CAP.
As duas «delegações» eleitoralistas esmeraram-se a não cruzar trajectos (estavam lá as duas, em simultâneo) mas em nada se distinguiam nos arremedos: Paulo Portas ou António Costa, Pires de Lima ou Assunção Cristas, todos provavam iguarias em concentração litúrgica e «huuums» epifânicos, sorriso largo a toda à volta, beijinhos às mulheres, abraços aos homens, enfim, o cardápio do repasto eleitoral.
Não se distinguem na forma, mas o pior é não se diferenciarem nos conteúdos. António Costa já se despenhou da salvífica missão que lhe pretendiam outorgar, as manobras em que se envolveu reuniram um «grupo de sábios» que fez muitas contas às contas do Governo para dali sair, essencialmente, um «programa eleitoral» que promete o mesmo que anda a apregoar a coligação de direita, mas a um ritmo pretensamente mais rápido.
Todavia – há sempre uma adversativa fatal...– nada verdadeiramente contra a política de desastre é apresentado no programa do PS, pela linear razão de que nada nele aflora, sequer em suave brisa, duas questões fulcrais para romper com a catástrofe: a renegociação da dívida e a saída do Pacto Orçamental, como ponto de partida para uma vida realmente nova.
Por muito que a direcção de António Costa se esforce por transmitir um perfil de «ruptura com esta política» (sic), essa «ruptura» não pode ocorrer sem se enfrentar os compromissos leoninos com a troika e a União Europeia, e esse enfrentamento começa, necessariamente, no renegociar da dívida e no repudiar do Pacto Orçamental, passos sem os quais o endividamento nacional continuará a aumentar descontroladamente, as imposições ao nosso País a instalar-se num espiral de brutalidade e a miséria a mergulhar o povo em degradações terceiro-mundistas.
A campanha eleitoral segue a todo o pano. Na visita à Feira Nacional da Agricultura, em Santarém, PS, PSD e CDS, libando todos os mesmos licores e degustando os mesmos sabores, enquanto ostentam um maravilhamento de ressuscitados, só se esqueceram do essencial: os milhares de pequenas explorações destruídas e as crescentes dificuldades da pequena e média agricultura sacrificadas aos ditames da Política Agrícola Comum que sempre defenderam e subscreveram e que nem sonham pôr em causa.
Desengravatados ou, mesmo, desencasacados a romper a multidão que olha, atónita, a feira mediática que irrompeu na Feira da Agricultura, são aplicados a fingir de povo e óbvios na evidência de que são um povo a fingir.

Nada de novo. É o carnaval da campanha eleitoral.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

O PCP tornado invisível pela comunicação social

Por Pacheco Pereira, no resistir.info
Esta semana, a chamada Marcha Nacional A Força do Povo, feita em nome da CDU, mas na realidade feita pelo PCP, juntou muitos milhares de pessoas em Lisboa. O assunto foi tratado de passagem nas televisões, sem grandes meios e cobertura apenas de circunstância, e na maioria dos casos "existiu" nas páginas interiores dos jornais, também quase por obrigação de agenda.

Eu conheço os argumentos de muitos jornalistas para não darem importância nenhuma (e por isso não noticiarem a não ser por obrigação, ou seja, mal) às manifestações do PCP, mas não me convencem. Não tem novidade, é o que é esperado, é sempre a mesma coisa, já sabemos que o PCP tem esta capacidade única de levar pessoas para a rua. Vêm de todo o País, vêm em centenas de autocarros, são os comunistas convencidos e mais umas franjas, não alteram nada da vida política. Atenção a este último argumento – não alteram nada – porque aí começamos a tocar no lado sensível e ideológico do objectivo desprezo com que estas manifestações são tratadas pela comunicação social. E não é o resultado de uma conspiração dos grandes interesses na comunicação social, muito colados à "situação" (também é, principalmente pelas escolhas das chefias), mas algo que vem das próprias redacções. Uma pequena iniciativa cultural na moda, que nem uma centena de pessoas junta, é muito mais bem tratada.

Há muitas razões de ordem geracional, cultural, de vida, de mentalidade do meio, da precariedade que se vive nas redacções para justificar esta falta de interesse. Mas que o mundo que desfila em Lisboa, à torreira do sol, feito de gente com causas bizarras como os baldios, não interesse a uma jornalista de vinte e poucos anos, saída de uma escola de comunicação social, estagiária, mas na prática desempregada, que não sabe o que é um sindicato, detesta greves e do mundo conhece o que vem na Time Out , percebe-se. O que não se percebe é que na sua redacção não se vá mais longe e se perceba que "aquilo" no Portugal dos dias de hoje é mais excepcional do que parece, "aquilo" implica mais esforço e cidadania do que andar horas a discutir a migração de treinadores entre clubes, como se o mundo estivesse parado nessa logomaquia futebolística.

"Aquilo" é o outro Portugal que não tem nada a ver com os salamaleques do "meu caro Pedro", "meu caro Paulo", muito mais bem tratados do que a vida de centenas de milhares de pessoas invisíveis porque não são o "arco da governação certo", do País "europeísta", da classe social certa. "Aquilo" é uma parte da sociedade portuguesa que existe e que protesta, e que se não protestasse não existia para ninguém. Eles são parte da economia  expendable dos nossos tecnocratas, a mesma que impede a jovem jornalista de conhecer mais mundo, ter sido mais bem preparada na escola, e ter um emprego conforme as suas qualificações. Um emprego e não um estágio. E que, a seu tempo, pode precisar do seu sindicato e, imagine-se, ter de fazer greve e protestar. Nesse dia, ela perceberá melhor a condição das pessoas que ali estão a protestar, podendo até ela ser… do PSD, do PS ou de nada. 



Nota: Pacheco Pereira, um homem de direita, veio aqui aponta nesta sua crónica o facto relevante de a comunicação dita social, silenciar (censurar!) escandalosamente esta iniciativa - como muitas outras, digo eu! - do PCP/CDU.
Há muito que sabemos que os ditos "critérios jornalísticos"  das redacções dos média, em Portugal, nunca estão disponíveis para destacarem a luta de quem sofre diariamente as consequências das políticas mais ferozes contra o povo e o País.

Este não é o caminho que queremos seguir!

Este não é o País democrático  sonhado no 25 De Abril!



quinta-feira, 11 de junho de 2015

O motim

Por Margarida Botelho, no jornal «Avante!»
Para comemorar o Dia Mundial da Criança, a Câmara Municipal de Portalegre programou diversas iniciativas envolvendo os meninos das escolas. Uma delas assumiu contornos de escândalo nas redes sociais: às crianças do pré-escolar coube simular um motim. Metade dos meninos eram polícias com escudos e capacetes, os outros eram manifestantes, a atirar «pedras» de papel aos polícias. A «iniciativa» teve o apoio oficial da PSP e, de acordo com as notícias publicadas, não é a primeira vez que organizam tal coisa.
Ao que parece, o objectivo da «iniciativa» era mostrar que a polícia protege e ajuda. Como é que se passa daí para a encenação de um motim com crianças de 5 anos, é que não se compreende. É difícil pensar num caso mais óbvio de manipulação ideológica de crianças: quem se manifesta é mau, nas manifestações atira-se pedras, a polícia bate, nós batemos no polícia.
As imagens são chocantes: meninos e meninas, com 6 anos no máximo, mascarados de polícia de intervenção, a bater noutros meninos de bibe. E depois vice-versa: batem os meninos de bibe nos mascarados de polícia.
A presidente da Câmara fez um esforço para passar a ideia de que isto é tudo normal. Mas não é. O papel da escola não é ensinar às crianças que quem participa num protesto é criminoso. E também não é ensinar a atirar «pedras», mesmo de papel, à polícia.
O que este caso revela é uma concepção da vida e do mundo em tudo oposta à Constituição da República e que há quem não hesite em passá-las às novas gerações, envolvendo até uma força policial.
Numa altura em que se discute a municipalização da educação, quase apetece dar este exemplo para provar por A + B que esse é um caminho errado, que abre portas à proliferação de disparates destes.

As crianças devem poder crescer a confiar que o polícia é alguém que os pode ajudar se tiverem um problema. Mas também têm o direito de crescer num país que estimula o direito à participação, que promove a democracia, que protege os mais frágeis.

domingo, 7 de junho de 2015

Capas de Jornais (82)
















Ainda em Abril deste ano, o tema da pobreza vinha nas primeiras páginas dos jornais como acima se demonstra. Mas, infelizmente, o rol da miséria em Portugal ainda é maior! Ficam por aqui alguns dados para reflexão: Temos mais de 800 mil desempregados, sendo que muitos sem qualquer subsidio.
 Contudo, este desgoverno actualmente no poder, para tentar convencer os incautos, continua a apostar na implementação e promoção constante de falso trabalho, trabalho precário e por vezes escravo para que os números do desemprego sejam nas estatísticas, menores.
Temos mais de 2 milhões de pobres.
As cantinas escolares têm que funcionar mesmo em tempo de férias para dar a única refeição do dia a muitas das crianças portuguesas. E, em alguns casos a toda a família.
As cantinas sociais (nova designação da “sopa dos pobres”), não conseguem responder a todas as solicitações que lhes chegam diariamente.
Portugal não tem que estar condenado a esta miséria que nos querem impor os partidos do arco da desgovernação, das troikas e os figurões de UE que nos conduziram até aqui. Está nas nossas mãos, nas mãos do povo a concretização de um Portugal com futuro. Não dar mais cheques em branco, é uma obrigação de todos nós nas próximas eleições para finalmente (e ao fim de 39 anos de democracia), voltarmos a ser portugueses com direitos.

sábado, 30 de maio de 2015

Sendo sábado, temos música (237)




Aquellos ojos verdes
de mirada serena
dejaron en mi alma
eterna fe de amar.
Anhelos de caricias,
de besos y ternuras
de todas las dulzuras
que han podido brindar.
Aquellos ojos verdes
serenos como un lago
en cuyas quietas aguas
un día me miré.
No saben la tristeza
que en mi alma dejaron
aquellos ojos verdes que
nunca olvidaré

Bom sábado, boas notícias e boa música.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

38 anos de política de direita em Portugal



 Contrapondo a realidade virtual que diariamente passa nas TVs, fica aqui a realidade que, infelizmente, o País e os portugueses vivem neste ano de 2015.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Memória selectiva e ilusões futuras

Por Vasco Cardoso, no jornal «Avante!»

PSD e CDS decidiram promover um jantar conjunto para assinalar o 1.º aniversário da saída da troika. Deixando de lado todo o cinismo que este acto representou, gostaria de sublinhar o conjunto de esquecimentos que estiveram associados a esta iniciativa.
Desde logo, a tentativa do Governo PSD/CDS procurar branquear que, à saída formal da troika, não correspondeu nenhuma alteração na sua política: os cortes nos salários e pensões não foram repostos; o «enorme aumento de impostos» aplicado em 2013 manteve-se; os serviços públicos encerrados não foram reabertos; as prestações sociais retiradas não foram devolvidas. Mais grave ainda, o Orçamento do Estado aprovado já depois da tal saída, não só aprofundou a política de exploração e empobrecimento, como desenvolveu ainda mais o favorecimento do grande capital, como se tornou visível com a redução do IRC beneficiando os grupos económicos em mais de 500 milhões de euros, no serviço da dívida que aumentou (quase 9000 milhões de euros em juros) ou a política de privatizações que ganhou novo impulso visando tornar definitivo o esbulho do património público.
Não foi apenas o Governo a fazer-se esquecido. Também o PS, que veio publicamente dizer que a «saída da troika» só será concretizada quando este Governo se for embora, se esqueceu de assinalar que só houve troika estrangeira porque houve uma troika nacional que lhe abriu as portas, PSD, CDS, mas também o PS, que no governo de então discutiu, subscreveu e accionou o pacto de agressão contra o povo e o País.
E o que uns e outros – por entre festejos, promessas e acusações inflamadas – procuram esconder é que se preparam para dar continuidade a esta política durante os próximos anos: foi isso que o Governo escreveu no documento que apresentou à União Europeia no âmbito da chamada governação económica; e é isso que está presente no «compromisso para uma década» que o PS apresentou.

Neste tempo de demagogia, mentiras e novas ilusões, há no entanto uma realidade que sobressai e que se impõe face à mistificação: a política da troika é a política de direita (com mão estrangeira). A libertação do país da troika, só será alcançada no dia em que, pela força do povo, se assumir a ruptura com a política de direita.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Um exemplo a seguir

Por João Vilela, no resistir. info

Há não muito tempo, o insuspeito Público titulava uma notícia com a mais isenta inocente das questões: "os call-centers vão salvar a economia portuguesa?" [1] . A pergunta - que era todo um programa político -, é respondida por dirigentes de empresas do sector com um conjunto de afirmações ora insólitas (como a proposta de uma licenciatura em Operador de Call-Center nas universidades, seguindo o modelo... das Filipinas...), ora despudoradamente reaccionárias. Apelos explícitos a que o Governo não regule as relações de trabalho no sector, elogios ao facto de a mão-de-obra portuguesa ser barata, argumentos de um descaramento extremo do estilo "mais vale isto que nada", de tudo ali se lança mão. Sente-se uma confiança generalizada na docilidade de quem trabalha, uma persuasão de invencibilidade, uma visão de mundo onde é um favor pagar salários, uma bênção estar empregado, e onde a função da política é governar para as grandes empresas que levam avante o nome do "país". Como dizia Lenine, e bem, só a classe dominante consegue transformar os seus interesses em interesse nacional. Como sabemos todos, é por isso que nenhum meio é de excluir para derrotar esta gente.

sábado, 16 de maio de 2015

Sendo sábado, temos música (236)



Donde estas, donde estas, Yolanda
Que paso, que paso, Yolanda
Te busque, te busque, Yolanda
Y no estas, y no estas Yolanda

Donde estas, donde estas, Yolanda
Que paso, que paso, Yolanda
Te busque, te busque, Yolanda
Y no estas, y no estas Yolanda

Tus ojos me miraron
Tus labios me besaron
Con ese fuego ardiente
Ardiente de mujer

La luz de tu mirada
El fuego de tus labios
Flecharon a mi pecho y de ti me enamore

Donde estas, donde estas, Yolanda
Que paso, que paso, Yolanda
Te busque, te busque, Yolanda
Y no estas, y no estas Yolanda

Donde estas, donde estas, Yolanda
Que paso, que paso, Yolanda
Te busque, te busque, Yolanda
Y no estas, y no estas Yolanda

Donde estas, donde estas, Yolanda
Que paso, que paso, Yolanda
Te busque, te busque, Yolanda
Y no estas, y no estas Yolanda

Donde estas, donde estas, Yolanda
Que paso, que paso, Yolanda
Te busque, te busque, Yolanda
Y no estas, y no estas Yolanda

Me dicen que paseabas
En un carro Yolanda
Muy guapa y arrogante
Y todos te silbaban.

Si un dia te encontrara
No se que puedo hacer
No se me vuelvo loco
Si ya no te vuelvo a ver

Donde estas, donde estas, Yolanda
Que paso, que paso, Yolanda
Te busque, te busque, Yolanda
Y no estas, y no estas Yolanda

Donde estas, donde estas, Yolanda
Que paso, que paso, Yolanda
Te busque, te busque, Yolanda
Y no estas, y no estas Yolanda

Bom sábado, boas notícias e boa música.