quarta-feira, 30 de setembro de 2015

4 DE OUTUBRO: ELEIÇÕES LEGISLATIVAS

O parlamento português tem sido dominado pelos interesses escusos do capital monopolista e financeiro. Quem os representa são os grandes escritórios de advogados que enxameiam a AR. De manhã eles estão nos seus escritórios e à tarde comparecem ao parlamento para fazer as leis que lhes convém. Tanto faz que sejam dos partidos gémeos PS e PSD ou do seu acólito CDS – neles não se pode confiar. Quanto ao BE está nas garras da UE, à qual jurou fidelidade. Não se pode esperar qualquer iniciativa do BE que liberte Portugal do Euro. A alternativa que resta com potencial libertador é o PCP. A abstenção, o voto em branco ou a anulação de voto não causam mossa ao sistema. O voto útil de resistência é no PCP.



Aqui, no Ponta Esquerda, assinamos por baixo.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

A conta, o peso e a medida

Por Jorge Cordeiro, no jornal «Avante!»

Sucedâneo das leituras inteligentes e das avaliações métricas sobre a dosagem usada na imposição ao povo e ao País do chamado «memorando de entendimento», a campanha eleitoral revelou agora no léxico do líder do PS uma nova formulação: a «conta, peso e medida». Sempre que se trata de esclarecer a verdadeira intenção quanto à reposição de quaisquer direitos ou rendimentos roubados nos últimos anos, aí vai atrelada à resposta, um qualquer «talvez», ou, ainda um «logo se vê», sempre acompanhada da preventiva asserção da devida conta. Feriados roubados? Quatro, mas talvez se reponham dois não se venha a ofender a omnipresente «devida conta». Extinção da sobretaxa? Lá para 2017, mas sempre no respeito pela «conta devida». Aumento das pensões? Coisa que a «devida conta» não autoriza, pelo que para já se congela o seu valor, mesmo que isso signifique mais uma perda real de seis por cento nos próximos quatro anos. Aumento do salário mínimo nacional? Logo se verá, mas sempre em sede de concertação social, logo na conta e na proporção dos interesses do grande patronato a que ficará condenado. Quanto ao resto, e o que se revelará decisivo, da renegociação da dívida à rejeição do Tratado Orçamental, da recuperação pelo Estado do controlo dos sectores estratégicos à reversão das privatizações, tudo permanecerá à medida dos interesses da União Europeia e do directório que a comanda, à medida dos interesses do capital monopolista.

Em bom rigor a formulação «conta, peso e medida» padece do rigor e alcance para a qual foi concebida. Diga-se que a verbalização ganharia em precisão e merecida compreensão se assumida na plenitude do seu conteúdo. Ou seja, que o que dali virá, embrulhado nas repetidas virtudes do tal cenário sabiamente elaborado, é o que previamente já se anuncia: tudo sempre feito «com conta» quando se trata de repor direitos e rendimentos, «à medida» dos interesses do grande capital e dos seus interesses, com o «peso» das privações e exploração que se conhece sobre os ombros dos trabalhadores e do povo.