quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Murros na mesa

Por Manuel Rodrigues, no jornal «Avante!»

«É importante que os governos não sejam subalternos, não sejam subservientes, que percebam que numa negociação com a União Europeia e com as organizações europeias é preciso dar um murro na mesa de vez em quando». Quem teve a ousadia de pronunciar tão musculadas palavras foi, nem mais nem menos, Carlos Silva, secretário-geral da UGT, organização sindical conhecida pela violência certeira dos seus murros na mesa da concertação social.
É, de facto, necessário dar murros na mesa, ser firmes nas reclamações, exigir respeito pela soberania nacional. Nisso, estamos de acordo. Mas por mais que olhemos para a prática da UGT, o que conseguimos enxergar é exactamente o oposto, quando desvaloriza a acção reivindicativa dos trabalhadores nas empresas e locais de trabalho e confina a sua «luta» a mero expediente à mesa das negociações, para, trocando o essencial pelo acessório, assinar os acordos de concertação social de que o grande capital precisa para mais facilmente prosseguir a exploração. Como diz o povo, «bem prega Frei Tomás, olha para o que ele diz, não olhes para o que ele faz».
Assim foi ao longo dos 38 anos desta política de direita em que a UGT, perante os violentos ataques aos direitos dos trabalhadores, esteve, invariavelmente, ao lado dos governos e do grande patronato. Foi murro na mesa o pronto aval às «reformas» laborais que destruíram grande parte dos direitos conquistados com a Revolução de Abril? Foi murro na mesa o recente acordo de concertação social que a UGT assinou? Foram murros na mesa as declarações do secretário-geral da UGT desvalorizando a luta de massas como factor decisivo na acção reivindicativa dos trabalhadores?
Murros na mesa, claro, nunca foram tão precisos. Mas o verdadeiro murro na mesa é a luta contra o Tratado de Lisboa, o Tratado Orçamental, a Governação Económica, o Semestre Europeu, a União Bancária, instrumentos da política de direita aprovados pelo PS, PSD e CDS ao serviço dos interesses do grande capital, limitadores da nossa soberania e independência. E é a renegociação da dívida, a recuperação do controlo público da banca e do sector financeiro, dos sectores e empresas estratégicas, a preparação do País para a saída do euro.
Murro na mesa é a luta pela derrota deste Governo, pela ruptura com esta política, por uma política patriótica e de esquerda.

Como se vê, até os murros na mesa têm uma natureza de classe.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Estamos neste cantinho da Europa a retomar ao antes do 25 de Abril

Unicef aconselha Governo a criar uma estratégia nacional de combate à pobreza infantil e recomenda acesso gratuito às creches dos 0 aos três anos de idade para as famílias mais pobres.

(...)Há medo de perder a casa, preocupação face à tensão em que sentem os pais, receio de que a comida desapareça da mesa. Além de mostrar que os casais desempregados aumentaram 688% (...) Aqui

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Capas de jornais (78)

Parabéns a Dilma, parabéns ao PT pela vitória difícil que conseguiram contra o retrocesso político.

Que a promessa feita por Dilma Rousseff "Serei muito melhor do que fui até agora", estampada na capa deste jornal seja cumprida..

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Os pêpês

Por Henrique Custódio, no jornal «Avante!»

Embora, actualmente, a política em Portugal ocorra a alta velocidade, tornou-se evidente há meses que «Portas e os seus pêpês» não apenas se põem em bicos-de-pé sempre que há retrato mas, sobretudo, manobram para consolidar a impressão de que «lutam», no Governo, pela «baixa de impostos».
É a demagogia rasca no seu esplendor, tirocinada há décadas pelos «pêpês».
A receita é sempre a mesma: uma «ideia providencial» – filha directa do mito cripto-fascista do «homem providencial» – e aí temos Portas a ser o paladino «da lavoura», «da agricultura», «dos reformados» ou «dos contribuintes», em todas as situações proclamando, com ou sem boné e sempre estrídulo, que está ali para lutar em nome dos sucessivos «providenciados», não cumprindo nada do que promete porque, comodamente, não tem acesso ao poder ou, caso a ele se alcandore no seu papel de muleta, o cumprir seja o que for, para além dos interesses pessoais, é coisa que não se evidencia susceptível de lhe passar pela cabeça de menino da Lapa.
Nele, até uma «decisão irrevogável» declarada em público não resiste mais do que umas horas.

domingo, 19 de outubro de 2014

Hoje pode ser dia de cinema (115)

Realização: Alain Resnais



Sinopse
Na província de Yorkshire, da Primavera ao Outono, a vida de três casais é transtornada durante alguns meses, pelo comportamento enigmático do amigo comum George Riley. Quando o médico Colin conta à sua esposa Kathryn que o seu paciente George Riley corre o risco de ter os dias contados, ignora que este último tinha sido o primeiro namorado de Kathryn. O casal que ensaia uma peça de teatro com o grupo local, convence George a juntar-se ao grupo. George acaba por ter as cenas amorosas com Tamara, a esposa do seu melhor amigo Jack, homem de negócios rico e muito infiel. Jack, triste, tenta persuadir Mónica a esposa de George que o deixou para viver com Simeon, para voltar para o marido e acompanhá-lo nos últimos meses de vida. Para surpresa dos homens com quem estas mulheres partilham as vidas, George exerce uma estranha sedução sobre as 3 mulheres: Mónica, Tamara e Kathryn.  (sapo cinema)

Bom domingo e bons filmes.

sábado, 18 de outubro de 2014

Sendo sábado, temos música (222)



É meu e vosso este fado
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
Às cordas de uma guitarra
Sempre que se ouve o gemido
De uma guitarra a cantar
Fica-se logo perdido
Com vontade de chorar
Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi
E pareceria ternura
Se eu me deixasse embalar
Era maior a amargura
Menos triste o meu cantar
Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi
(SOLO)

Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi
Bom sábado, boas notícias e boa música

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Sentem-se, estamos em Portugal!

(imagem tirada da net)

"Há pessoas a comprar prémios para diretores-gerais"

Capas de jornais (77)


- Quando "associado é diferente de sócio"; "despesas de representação é diferente de salário" e "eu disse mantém-se, não disse manter-se-hão"; está, em parte justificada a falta de consequências políticas na sociedade portuguesa, no que diz respeito a comissões de inquérito na Assembleia da República.


sábado, 11 de outubro de 2014

Sendo sábado, temos música (221)



Nem um poema, nem um verso, nem um canto,
Tudo raso de ausência, tudo liso de espanto
Amiga, noiva, mãe, irmã, amante,
Meu amigo está longe
E a distância é tão grande.
Nem um som, nem um grito, nem um ai
Tudo calado, todos sem mãe nem pai
Amiga noiva mãe irmã amante,
Meu amigo esta longe
E a tristeza é tão grande.
Ai esta magoa, ai este pranto, ai esta dor
Dor do amor sózinho, o amor maior
Amiga noiva mãe irmã amante,
Meu amigo esta longe
E a saudade é tão grande.
Bom sábado, boas notícias e boa música.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Ensino em estado de Citius

Por Anabela Fino, no jornal «Avante!»
Um mês depois do início do ano lectivo a situação nas escolas continua caótica e o desempenho do Ministério da Educação, a começar pelo do titular da pasta, Nuno Crato – que tanto persiste em avaliar os professores –, é o que se pode chamar de autêntico desastre. De erro em erro, de desculpa em desculpa, de promessa em promessa, Crato e sus muchachos vão metendo os pés pelas mãos, dando o dito por não dito, passando responsabilidades para quem estiver mais a jeito, criando novos problemas e sacudindo a água do capote.
Depois de ter remetido para os directores das escolas o ónus da anulação das colocações, Crato, com a pesporrência que o caracteriza, afirmou esta semana que o processo de recolocação de professores «está a meio», garantiu que por estes dias vão chegar às escolas mais 800 professores e disse «esperar» que quando o processo estiver concluído «tenham colocação» os docentes colocados e depois descolocados devido aos erros do Ministério. Sobre a promessa feita na Assembleia da República de que os professores não seriam «prejudicados», até porque isso lesava o interesse «mais importante» dos alunos, nem uma palavra. Sobre as vidas retalhadas de quem saiu do seu nicho de conforto, para usar os termos caros ao Governo, saiu de casa, alugou quarto, arrastou filhos para novas terras e escolas e agora se vê atirado para o desemprego e com despesas acrescidas, nem um pio. «Falaremos sobre isso no fim», diz Crato, com o mesmo despudor com que anunciou em Setembro que o ano lectivo se iniciava com normalidade, e com a mesma falta de vergonha com que um seu secretário de Estado remete para «os tribunais» eventuais pedidos de indemnização de quem se sentir lesado, por ventura apostando no estado de Citius reinante nos tribunais.
Enquanto isso, o interesse «mais importante» dos alunos pauta-se por centenas de professores e auxiliares de educação em falta, milhares de crianças e jovens sem aulas, escolas sem cantina, aulas em contentores e outras coisas que tais.

Perante o descalabro, Passos Coelho garante que Crato continuará no Governo e o Presidente da República não encontra motivo para o mais pequeno e leve reparo. Peculiaridades da «normalidade» à portuguesa.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Capas de jornais (76)


Portugal dos pequeninos e os seus figurões.
  
Portugal em tamanho real, com as dividas e os juros  para  reformados, pensionistas e desempregados pagarem com língua de palmo de dinheiro que não receberam.