quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Isto anda tudo ligado...

Por José Casanova, no jornal «Avante!»

No passado dia 10, foi colocada numa rotunda de Braga a estátua do terrorista cónego Melo, estando a inauguração oficial do aborto prevista para depois das eleições autárquicas.
A iniciativa – que partiu de um grupo de amigos e admiradores do terrorista – foi aprovada na Câmara Municipal com os votos favoráveis dos eleitos do PS e a abstenção dos representantes do PSD e do CDS.
A provocação gerou protestos de democratas, de homens e mulheres de esquerda – e suscitou, também, alguns espantos!
Ora, se os protestos são mais do que justos, e por muitos que sejam serão sempre poucos, os espantos... espantam.
Vejamos: o cónego Melo foi um dos responsáveis das redes bombistas no chamado «verão quente», em 1975, um dos vários operacionais que organizaram e comandaram a vaga de atentados bombistas, os assaltos aos centros de trabalho do PCP, os assassinatos de militantes comunistas e do padre Max. E, como anos depois confessou o chefe do grupo bombista Maria da Fonte – de cujas acções terroristas o cónego Melo foi o mais destacado promotor e organizador –nessa agitação participavam todos de mãos dadas, CDS, PPD e PS...
(Nessa agitação organizada a que Mário Soares, com a sua sem-vergonha habitual e de pronto corroborado por Carlucci, chamou reacções espontâneas das massas populares..., indignação popular genuína..., rejeição popular do comunismo e do PCP)
Assim, não há motivo para qualquer espanto no apoio dos eleitos do PS à homenagem ao terrorista. Nem surpreendem os elogios de Mesquita Machado ao cónego bombista: «bracarense dos sete costados», «grande bracarense, ao qual devemos esta homenagem», e que «o resto tem de ser abstraído» – «o resto» é, para Mesquita Machado, a acção criminosa desenvolvida pelo cónego bombista.
Já agora, registe-se que, segundo o chefe terrorista acima citado, um dos principais organizadores do assalto e destruição do Centro de Trabalho do PCP, em Braga, foi um membro da Comissão Distrital do PS – e que o assalto ocorreu precisamente no dia 10 de Agosto...

Tudo a confirmar que, como diz o poema, isto anda tudo ligado...

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