segunda-feira, 7 de outubro de 2013

«Independentes»

Por Ângelo Alves, no jornal «Avante!»


As leituras dos resultados eleitorais das eleições autárquicas feitas pelos habituais «comentadores» de serviço ficaram marcadas por três elementos de centrais de manipulação política e ideológica. O 1.º foi a tentativa de apagamento da grande vitória eleitoral da CDU, nomeadamente empurrando o seu resultado para o campo do mero «protesto». O 2.º foi a afirmação até a exaustão que o grande vencedor das eleições foi o PS, mesmo descendo de votação e de percentagem relativamente às anteriores autárquicas. O 3.º foi a ideia de que o grande vencedor foi o «partido dos independentes», sustentando-se tal afirmação em algumas vitórias obtidas por listas de cidadãos eleitores, nomeadamente nos distritos do Porto e de Lisboa.
A reboque deste terceiro elemento está relançada a «ladainha» da «crise dos partidos». Agora, os «independentes» é que é! Sucedem-se as teorizações de pacotilha sobre o sistema político, os partidos, sobre a lei eleitoral, os círculos uninominais, etc... etc.... Tudo serve para ocultar que os partidos da política de direita e do pacto de agressão perderam no seu conjunto cerca de um milhão de votos.
Mas quem são os «independentes»? Há-os para vários gostos: ou são dissidentes em que os protagonistas não conseguiram ser cabeças de lista, ou são grupos que pretendem apenas cortar caminho a alternativas ao seu partido, ou são barrigas de aluguer de formações políticas que quase desapareceram nestas eleições e encontraram aí espaço para tentar fazer o que não conseguiriam usando a sigla do seu partido. Independentes reais? Poucos ou nenhuns, e quase todos a servirem os mesmos interesses de sempre, do capital.
Mas é importante falar sobre os reais independentes. E começar por onde eles realmente estão. São mais de 12 000 cidadãos (eleitores pois então!) e pesam mais de 35% nas listas das autárquicas. Onde estão? Na CDU! E foram de facto também os grande vencedores da noite eleitoral. Mas estes independentes não são uns quaisquer. Independentes sim! Dos interesses obscuros, do grande capital, da política de direita, dos compadrios e da corrupção! Mas profundamente comprometidos com valores e ideais, com a honestidade, a verdade e sobretudo com a luta do nosso povo.

É que isto dos «independentes» é como com os partidos: não são todos iguais!

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