segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

«Êxitos» de uns desgraça de muitos

Por Jorge Cordeiro, no Jornal « Avante! »

A muito mediatizada vinda da troika para avaliar da diligência e capacidade do Governo em desgraçar a vida do País e dos portugueses parece vir confirmar, por inteiro, aquele dito popular que dá por adquirido «ser o contentamento de uns, a desgraça de muitos outros». Pelo que não se estranhará que nestes dias não venha a escassear na análise, no comentário ou no discurso oficial, as elogiosas referências à solicitude do Governo perante as determinações estrangeiras ou a servil simpatia com que acolheu as insolentes confidências e arrogantes afirmações de altos governantes alemães, como se de coisa de que nos devêssemos orgulhar se tratasse; aquele enumerar de cada um dos «êxitos» alcançados pelo rolo destruidor de direitos e de assalto aos rendimentos de quem trabalha, como se cada um desses apregoados «êxitos» não constituísse um factor de desgraça na vida de milhões de portugueses; ou ainda aquela tão estafada, quanto cega, insistência sobre o alegado e radioso caminho que nos estaria a diferenciar do rumo de países terceiros, iludindo que a passos largos nos encaminhamos para o mesmo abismo do incumprimento e insolvência nacionais para o qual esses países foram arrastados.

Entre o «custe o que custar» de Passos Coelho e Paulo Portas, ou a sugerida aplicação «inteligente» deste programa de agressão ao país e ao povo que António José Seguro foi solicitar à troika, mora a mesma e indigna postura de desprezo pelos interesses do país, pelas condições de vida dos portugueses e pela afirmação soberana de Portugal. Desde logo, e sobretudo, porque para lá da tão aparente quanto real postura de submissão a que se prestam, o que querem esconder – PSD, CDS e PS – é que têm na troika que mandaram vir um pretexto para melhor justificarem a agenda e desígnio próprios que há mais de trinta e cinco anos prosseguem de imporem um programa de exploração ao serviço do grande capital que servem e do qual beneficiam.

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