sexta-feira, 20 de julho de 2012

De Portas escancaradas

Por Jorge Cordeiro, no Jornal «Avante!»


Mestre da dissimulação, Paulo Portas acaba por padecer do mesmo mal que padecem os peixes:ser pela boca que morrem. Depois de continuar a fazer crer não ser aquilo que é, ministro deste governo, tomando os portugueses por tolos ou distraídos; depois de habilidosamente criticar o chefe do partido seu aliado por destempero institucional nas criticas que fez à decisão do Tribunal Constitucional sobre o corte de subsídios para, por outras mas não menos inocentes palavras, engrossar o coro contra os trabalhadores agora vítimas do saque dos seus rendimentos; depois de meses de fingida preocupação pelos reformados, desapossados dos seus subsídios pela mão do PSD e do CDS, sem que um pio lhe saisse da boca para fora – Paulo Portas deu asas à sua cartilha ideológica marcada por uma indisfarçável vinculação aos interesses do grande capital e ao acervo ultra reaccionário que a acompanha. Em abreviadas palavras, disse Portas que «se o défice é do Estado, não faz sentido ir buscar cortes aos trabalhadores do privado» acrescentando, com a arte de manipulação que o distingue, não ser «justo que o sector privado tenha a mesma responsabilidade».
Três anotações se justificam perante este exercício de oratória: primeiro, para sublinhar a confissão de Portas de que, em matéria de roubo de subsídios à administração pública e aos reformados, é para o lado que dorme melhor; segundo, para registar a cínica identificação do Estado – e, sobretudo, o que os seus milhares de trabalhadores asseguram de direitos e funções sociais indispensáveis à qualidade de vida de todos os portugueses, sejam eles do privado ou público – com o percurso ruinoso a que a política de direita conduziu o País em matéria de défices e endividamento; terceiro, para anotar a ardilosa manobra para, a pretexto de uma falsa defesa dos trabalhadores do privado, roubados todos os dias nos seus rendimentos e direitos pela política do governo a que pertence, deixar incólumes os únicos interesses privados com que se preocupa, os interesses do grande capital e dos grupos económicos que representa.

2 comentários:

  1. En España estamos al borde de un rescate total, por mucho que intenten desinformarnos. La prima de riesgo está disparada y el nivel riesgo pais en máximos ya desde hace tiempo. Las huelgas por todo el país son masivas, pero la prensa habla poco de esto. Creo que pronto estaremos en la misma situación de Grecia.
    Un saludo.

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  2. li no "origional". mas nunca é demais sublinhar.

    o dito Portas é mestre da culinária... e da hipocresia!

    abraços

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