quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O PS no sítio do costume

Por Jorge Cordeiro, no Jornal «Avante!»


Seguro e o PS não resistiram à extenuante tarefa de, durante uma longa e interminável semana, fingirem-se de oposição ao rumo de desastre que pela mãos do Governo, e as suas próprias, desgraça a vida dos portugueses e afunda o País. Não fosse o diabo tecê-las, perante tão penoso quanto inusitado exercício oposicionista de ameaçar num dia com moção e enrolar no outro a censura, Seguro veio pôr cobro a qualquer réstia de dúvidas sobre o verdadeiro lugar do PS que pudessem sobreviver em espíritos menos avisados no rescaldo de tão esforçadas manobras.
A adesão e assumpção pelas suas próprias mãos da reclamação da redução do número de deputados como a questão central que tem para propor ao País, no quadro da mais desumana ofensiva contra os trabalhadores e o povo português, assume simultaneamente uma inequívoca gravidade, uma esclarecedora confissão do papel do PS e as ambições antidemocráticas que prossegue.
Gravidade resultante de Seguro, e o partido que dirige, vir dar corpo à corrente de demagogia, populismo e reaccionarismo que situa na representação democrática os problemas do País e não na política prosseguida e nos interesses que ela corporiza. Uma esclarecedora confissão de, na ausência de elementos que o distanciem e distingam em questões essenciais, do programa de exploração e empobrecimento que o Governo PSD/CDS prossegue com a cúmplice colaboração do PS, Seguro optar por uma deplorável participação nas manobras de diversão para desviar as atenções sobre as causas, consequência e responsabilidades quanto ao rumo de declínio e retrocesso que juntos vêm impondo há largos anos ao País. Uma indisfarçável ambição, fazendo coro com a direita e os sectores mais reaccionários, de construir um modelo de representação parlamentar que no fundamental assegure a sua redução democrática e o enfraquecimento das forças e partidos (em particular o PCP) que resistem ao domínio do capital monopolista sobre todas as esferas da vida nacional, assegurando a PS e PSD condições para uma mais livre e acelerada execução do programa de agressão aos salários, aos direitos e à democracia.

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