quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Até quando?

Por Octávio Teixeira, no jornal «negócios»

Com a subserviência da generalidade dos chefes de Estado dos países europeus, a Alemanha de Merkel vai impondo o que a Alemanha de Hitler não conseguiu.
Sob a batuta da Alemanha os chefes de Governo da zona euro aprovaram o "pacto orçamental" que impõe a alcunhada "regra de ouro" que limita o défice estrutural a 0,5%, atribui ao Tribunal de Justiça o controlo do seu cumprimento e aplica sanções automáticas aos incumpridores.

É uma decisão irresponsável. O pacto vem culminar (para já) as políticas de austeridade que têm vindo a ser tomadas após o início da crise com resultados que só a têm agravado e ampliado e dar mais uma machadada na soberania popular dos países-membros.

Os tratados de finanças públicas registam uma regra de ouro que é a do défice orçamental não ser superior ao défice de capital. O que nada tem a ver com esta "regra de ouro" alemã que não permite o recurso ao endividamento para financiar investimentos públicos essenciais ao desenvolvimento. Que acrescenta austeridade à austeridade, obrigando os países da zona euro a aplicar políticas orçamentais pro-cíclicas num contexto generalizado de recessão económica e de aumento do desemprego. Que não dá resposta ao problema essencial da zona euro que é o do aumento da dívida externa de numerosos países, espelhando os desequilíbrios estruturais das contas externas e os seus baixos níveis de produtividade e competitividade.

Com a subserviência da generalidade dos chefes de Estado dos países europeus, a Alemanha de Merkel vai impondo o que a Alemanha de Hitler não conseguiu: o domínio e colonização da Europa. Substituiu a força das armas pela arma do euro. Que é igualmente violenta. Já impôs dois chefes de Estado não eleitos e pretende transformar a Grécia num protectorado.

Até quando a subserviência, até quando a Alemanha continuará a abusar da paciência dos cidadãos e da dignidade de Estados soberanos?

2 comentários:

  1. Estamos a sofrer um "Anschluss" económico e político!

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  2. Até quando o país às escuras?

    Até quando os excluídos de olhos fechados?

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